segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

POEMA DA PROSPERIDADE

Nem a tristeza, nem a desilusão, nem a incerteza, nem a solidão, NADA ME IMPEDIRÁ DE SORRIR.
Nem o medo, nem a depressão por mais que sofra meu coração, NADA ME IMPEDIRÁ DE SONHAR.
Nem o desespero, nem a descrença, muito menos o ódio ou alguma ofensa, NADA ME IMPEDIRÁ DE VIVER.
Em meio as trevas, entre os espinhos, nas tempestades e nos descaminhos, NADA ME IMPEDIRÁ DE CRER EM DEUS.
Mesmo errando e aprendendo, tudo me será favorável, para que eu possa sempre evoluir, preservar, servir, cantar, agradecer, perdoar, recomeçar...
QUERO VIVER O DIA DE HOJE COMO SE FOSSE O PRIMEIRO.
Quero viver o momento de agora como se ainda fosse cedo, como se nunca fosse tarde.
Quero manter o otimismo, conservar o equilíbrio, fortalecer a minha esperança, recompor minhas energias, para prosperar na minha missão e viver alegre todos os dias.
Quero caminhar na certeza de chegar, quero lutar na certeza de vencer, quero buscar na certeza de alcançar, quero saber esperar, para poder realizar os ideais do meu ser.

ENFIM, quero dar o máximo de mim, para viver intensamente e maravilhosamente TODOS OS DIAS DA MINHA VIDA.


AUTOR: Luizinho Bastos

domingo, 28 de dezembro de 2008

BOLO DA VIDA


Este bolo é para celebrar a vida, doando alegria e prosperidade - cada ingrediente tem um significado especial.


Reúna a família no dia 31 de dezembro, coloque os ingredientes sobre uma mesa e, em cada um deles coloque uma plaquinha informando a que ele se refere. Exemplo: no açúcar: ternura, paz. Cada pessoa irá pegar os ingredientes conforme o que deseja conquistar no próximo ano.

ENTÃO... Vamos à receita...


INGREDIENTES DA MASSA

- 6 ovos - criatividade, amizade
- 1 e 1/2 xícara (chá) de açúcar - ternura, paz
- 1 colher (sopa) fermento em pó - desenvolvimento
- 1 xícara (chá) margarina - compreensão
- 3 xícaras (chá) farinha de trigo - força, caridade
- 3/4 xícara (chá) frutas cristalizadas - fé, alegria
- 1/2 colher (chá) canela em pó - coragem
- 3/4 xícara (chá) de passas - paciência, confiança
- 1/2 colher (chá) cravo em pó - dinheiro
- 1/2 xícara (chá) de cerejas vermelhas - amor
- 1/2 xícara (chá) de cerejas verdes - esperança
- 1/2 xícara (chá) de damascos picados - luz, luminosidade

MODO DE PREPARAR

1. Numa travessa, misture todos ingredientes e mexa delicadamente “com pensamento positivo”. 2. Coloque a massa em uma fôrma redonda e untada com margarina e farinha de trigo.
3. Leve para assar por 35 minutos aproximadamente ou até que, enfiando um palito, ele saia limpo.

GLACÊ

- 200 g de açúcar de confeiteiro
- 4 ou 5 colheres (sopa) água morna

Misture o açúcar com a água (glacê) e regue em cima do bolo, fazendo o desenho que desejar.

Espero que o bolo fique delicioso!!! Mas, o gostoso mesmo é a reunião da família...


FELIZ 2OO9!!!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

NATAL

Sempre gostei muito do Natal, e isso aprendi com Dona Martha, minha mãe. Ela gostava tanto que os presentes que ganhava durante o ano eram guardados para serem usados no Natal.

A casa se vestia de novas cortinas, novas colchas, roupas novas para todos...

As toalhas de crochê eram engomadas, a porcelana lavada, a cristaleira encerada...

A preparação vinha na forma de histórias, contos, figuras...

O presépio era preparado com espelho no laguinho, plantinhas e todos os bichinhos colocados em seus devidos lugares, que eu sabia direitinho onde eram...

A cartinha era escrita para Papai Noel e eu era a encarregada disso - contava para ele que meu irmão e eu tínhamos sido uns amores durante todo o ano, que havíamos obedecido papai, mamãe, que na escola éramos bons alunos e... merecíamos presentes... A lista era grande mas, no final sempre havia uma observação: " o senhor traga o que puder..." E, imagino que essa última frase aliviava meus pais.

E, naquela época as crianças não recebiam presentes na noite de Natal, e sim no dia seguinte pela manhã. Confesso que não dormia direito, rolava na cama e... via Papai Noel no meu quarto! Sim, ele chegava quietinho e colocava os presentes debaixo da minha cama e na de meu irmão. E, quando Papai Noel percebia que eu estava olhando dava um sorriso lindo e colocava o dedo indicador na boca a dizer: "Xiu... fique quietinha..." E eu obedecia... Por encanto, que devia ser de Papai Noel, voltava a dormir...

De manhã era aquela alegria! Boneca nova, carrinho para empurrá-la, maquininha de costura... Bicicleta, bola, carrinho para o Toninho...

A felicidade era muita... a alegria enorme...

Via meus pais felizes com nossa alegria e, mal sabíamos nós, crianças, o que estariam pensando... Hoje a gente sabe...

Passados tantos anos, essas lembranças sempre voltam trazendo alegria porque Papai Noel chegava mas, muito mais que isso, o Menino Jesus, não estava só no presépio... estava ali, presente de verdade... A gente sabia que ele era aquele moço bonito que cuidava da gente, que sua mãe, a dona Maria era muito boazinha e que olharia por nossa vida. E que José, seu pai, seria como um anjo para nosso pai, homem forte, trabalhador mas que também às vezes ficava cansado das estradas e, como os amigos de Jesus, gostava de pescar.

Amanhã será véspera de Natal. Também preparei a casa, vou fazer quitutes e tomara que meus filhos, já adultos se lembrem de seus Natais, sempre preparados e vividos com tanto amor... E que minhas netas levem deste Natal as mesmas lembranças lindas que trago dos meus Natais.

Que o Menino Jesus receba nossos presentes - o que podemos dar é pouco, mas imagino que ele ficará feliz...

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

ACÔRDO - Flora Figueiredo


Querido anjo da guarda,


Por favor, leve a sério este pedido,
Aceite minha sugestão.
Você tem que fazer um revezamento
Com seu vice-anjo de plantão.
Imagine que esteja cansado
De tanto correr a meu lado,
Tentando me proteger.
Sei que é assim que deve ser,
Mas reconheço que ultimamente
Tenho abusado.
Seria bom que descansasse
Antes que a maratona começasse.
Tem Ano Novo chegando
E já estou me preparando
Para o tiro da partida.
Quando começar a corrida, não tenho intenção de fracassar
Eu corro de mãos dadas com a vida;
Prometo a meus sonhos o primeiro lugar.
Sei que deve haver risco:
O mundo anda agressivo,
O tempo está arisco
E geralmente se corre contra o vento.
Nada há que possa me deter
O que pode de repente acontecer
É um instante para beijar minha torcida.
Pessoas queridas são sempre nossa pausa refrescante
Prepare o tênis, o calçadão, a vitamina, e
Sob permissão divina
Leves asas sobressalentes.
A competição vai ser quente,
Difícil me parece a trajetória
Mas, quando eu romper a fita da chegada,
Lívida, arfante, extenuada,
Vou dividir com você minha VITÓRIA.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

ESCUTATÓRIA - Rubem Alves


Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória.Todo mundo quer aprender a falar... Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil. Diz Alberto Caeiro que... Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas.
Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro: Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito.
É preciso também que haja silêncio dentro da alma.
Daí a dificuldade:
A gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor...
Sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer.
Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração...
E precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.
Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade.
No fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios: reunidos os participantes, ninguém fala.
Há um longo, longo silêncio.
Vejam a semelhança... Os pianistas, por exemplo, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio...
Abrindo vazios de silêncio... Expulsando todas as idéias estranhas.
Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala.
Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio.
Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos...
Pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.
Se eu falar logo a seguir... São duas as possibilidades. Primeira: fiquei em silêncio só por delicadeza.
Na verdade, não ouvi o que você falou.
Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado.
Segunda: ouvi o que você falou. Mas, isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo.
É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.
Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.
O longo silêncio quer dizer: estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.
E, assim vai a reunião. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.
Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência...
E, se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras... No lugar onde não há palavras.
A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa.
No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos.
Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia...
Que de tão linda nos faz chorar.
Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio.
Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também.
Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

JOHN LENNON


Há 28 anos era assassinado um homem, um ídolo... John Lennon. Quando isso aconteceu, me lembro bem, fiquei surpresa, triste e pensando como isso podia ter acontecido... Mas aconteceu...


Passados tantos anos sua presença continua entre nós, pois sua música, suas palavras, seus sons aí estão e continuarão enquanto no mundo estiverem as pessoas sensíveis e amantes da boa música, da boa poesia.


Nossa admiração está presente hoje, como sempre esteve junto de Jonh Lennon...


Muita luz, paz e evolução em seu caminhar...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

MULHERES POSSÍVEIS - Martha Medeiros


Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso épossível, me ofereço como piloto de testes.

Sou a Miss Imperfeita, muito prazer.

Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado três vezes por semana, decido as refeições, levo os filhos ao colégio e busco, almoço com eles, estudo com eles, telefono para minha mãe à noite, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas,respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia,caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, estudo, levo o carro no mecânico, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão, levo o cachorro passear e ainda faço escova toda semana - e as unhas!

E, entre uma coisa e outra, leio livros.

Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic.

Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.

Primeiro: a dizer NÃO.

Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO.

Culpa por nada, aliás.

Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero.

Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.

Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.

Você não é Nossa Senhora.

Você é, humildemente, uma mulher.

E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-by vida interessante.

Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável.

É ter tempo.

Tempo para fazer nada.

Tempo para fazer tudo.

Tempo para dançar sozinha na sala.

Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.

Tempo para sumir dois dias com seu amor.Três dias. Cinco dias!

Tempo para uma massagem.

Tempo para ver a novela.

Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.

Tempo para fazer um trabalho voluntário.

Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.

Tempo para conhecer outras pessoas.

Voltar a estudar.

Para engravidar... curtir os filhos.

Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.

Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.

Existir, a que será que se destina?

Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.

A mulher moderna anda muito antiga.

Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada.

Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.

Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.

Mulher é mulher, não pode parecer um homem!

Se o trabalho é um pedaço de sua vida, ótimo!

Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.

Mulher independente, fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas emcasa, espiando a vida pela janela.

Desacelerar tem um custo.

Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo PhilippeStarck e o batom da M.A.C.

Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.

E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O HOMEM DO SACO

Quando eu era pequena tinha medo do tal homem do saco. Nunca o vi, meu irmão não o viu mas também tinha medo dele.
Minha mãe nunca nos ameaçou, como tantas mães faziam dizendo aos filhos: "Fique bonzinho, não faça mais isso, senão o homem do saco te pega!" - um horror!!!
E agora, anos depois nos tornamos em... homens do saco, mulheres do saco!!! E olhe que precisam mesmo sentir medo da gente, criaturas monstruosas.
Como, nós, criaturas monstruosas???
Pois é, isso mesmo... é isso aí...
A cada ida ao supermercado voltamos lotados de ... sacos... Em nossa casa temos até o tal puxa-saco, que muitas vezes é bonito, bordado até e, lá estão os sacos que recebemos gratuitamente no supermercado, guardamos e vamos usando, usando sem pensar nas conseqüencias.
Animais marinhos morrem porque acham que os tais sacos são alimentos; outros ficam asfixiados por não conseguirem se desvincilhar dos tais...
As enchentes são maiores porque esses sacos se acumulam entupindo bueiros, piscinões...
A reciclagem desse produto é caríssima e ao que parece, é mais caro reciclar um saco que produzir um novo, então... o acúmulo é enorme! A natureza fica impregnada desse material e montes ficarão na natureza por anos, anos, anos...
Quem, como eu, que acredita na reencarnação vai encontrar, quando voltar a viver por aqui, os mesmos sacos acumulados que um dia jogaram na natureza...
Vamos procurar fazer o que fazem os irlandeses: ter, em cada casa, em cada carro uma sacola de tecido para colocar nossas compras. E, nos recusarmos a receber os tais saquinhos que nos são oferecidos nos supermercados e outros locais.
A gente sempre pensa em deixar um mundo melhor para nossos filhos, netos, mas, nos esquecemos que também precisamos oferecer ao mundo pessoas melhores, pessoas que se preocupam com a natureza, com o mundo, com as pessoas...
A Natureza agradecerá essas atitudes. É nosso carinho por tudo que ela nos oferece.

SANTA CATARINA

As notícias que recebemos de Santa Catarina podem nos fazer pensar o quanto somos frágeis, o quanto a vida é frágil...
Amigos e parentes de lá relatam o tamanho da tragédia, que não poupou ninguém... Casas sólidas, bonitas e casas frágeis foram embora com a chuva, com a terra...
E nós, que estamos distantes de lá podemos pensar nas coisas que temos, nas pessoas que amamos e como nos sentiríamos se isso acontecesse por aqui.
Guardamos tantas coisas inúteis, acumulamos roupas, sapatos, bolsas que muitas vezes nem chegamos a usar... E numa hora de tragédias como essa acabamos por ver que o que importa é a vida, as pessoas...
Que haja solidariedade com eles e que haja uma tomada de consciência de cada um de nós... Valorizar o que realmente merece ser valorizado...
Guardar o que realmente necessitamos...
Viver com simplicidade...
A vida é pra ser vivida, valorizada, não apenas a nossa, mas também a vida daqueles que passam por dificuldades inimagináveis para nós.
Que papai do céu olhe por todos...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

OS LIMITES DE CADA UM DE NÓS - Letícia Thompson


As pessoas julgam as forças umas das outras baseando-se naquilo que elas mesmas são capazes de suportar. Poucos se dão conta que cada um de nós tem seu limite e que este não pode ser comparado com o de mais ninguém.

Uns suportam mais heroicamente o sofrimento, outros se entregam e morrem devagarinho como se o mundo tivesse acabado. E a um e a outro Deus criou.

Somos infinitamente mais capazes do que pensamos, mas enquanto ignoramos essa verdade, somos o que somos sem sermos mais ou menos que ninguém.

Classificar alguém de fraco porque este não suporta a dor física, moral ou emocional é cometer uma grande injustiça, pois cada um vai até onde seus limites permitem e é devagarinho que as pessoas vão descobrindo que as asperezas da vida nos tornam pouco a pouco mais fortes e resistentes.

Seguimos até onde devemos seguir e quando cremos que as forças nos abandonam é que o Senhor nos pega nos braços e nos ensina a voar. Vemos então horizontes que não podíamos alcançar com nossa visão plana e direcionada geralmente àquilo que nos fazia tanto mal.

Somos o que somos sim e que ninguém nos diga pequenos e falhos! Alcançamos tudo o que está ao alcance das nossas mãos e o mais o Senhor nos dá através da nossa fé que, mesmo limitada, nos torna seres ilimitados.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O CÂNTICO DA TERRA - Cora Coralina


Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranqüila ao teu esforço.

Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.

Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.

E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranqüilo dormirás.

Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Como vai você, Antônio Marcos?


Como é bom partir desde mundo e continuar a ser lembrado!

A lembrança que nos chega pode ser por um cheiro, um retrato, um lugar, tantas coisas mais... E, muitas chegam através da música mas, quase não nos lembramos de agradecer a quem a escreveu, a quem teve a inspiração...

Gosto muito da música "Como vai você", de Antônio Marcos e me lembrei que amanhã, 8 de novembro seria o dia de seu aniversário.
Então, a ele envio (e sei que receberá...) minha admiração por sua arte, por sua música e agradeço pelos momentos bons que tenho por causa de sua música.
Agradeço também por sua música, por sua vibração fazerem parte dos samaritanos.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Precisamos de mudanças...

Obama é o novo presidente dos Estados Unidos. Advogado formado em Harvard, marido, pai, negro filho de africano, neto que amou e respeitou sua avó...

Neste homem estão as esperanças do mundo, de um mundo desesperançado, pobre de ideais, mas ainda rico em fé.

Se pensarmos que, quando Obama nasceu os negros eram segregados nos Estados Unidos, humilhados pela cor da pele, hoje vendo-o no cargo máximo desse país, o homem mais importante.... é um avanço enorme para a sociedade, não só a americana...

Que o sonho das mudanças que ele colocou no coração dos americanos seja realizado...

Que essas mudanças possam trazer paz para aqueles que estão em guerra...

Que exista coragem para enfrentar os problemas e vontade em querer resolver...
"A mudança está a caminho", disse Obama no seu primeiro discurso após a vitória...
Que ela, a mudança esteja a caminho mesmo... que seja a mudança para melhorar a vida, não apenas dos americanos, mas de todo o mundo, que coloca tanta esperança em seu governo. E, não apenas Martin Luther King tinha um sonho, mas todos nós...

terça-feira, 4 de novembro de 2008

O discurso do Presidente da França

O Presidente francês Nicolas Sarlizy, pronunciou um importante discurso de posse, onde revela muita coragem e lucidez na defesa da honestidade, da verdade e da lealdade contra os falsos valores de uma filosofia materialista que campeia nas universidades e na imprensa de modo geral. (Prof. Felipe Aquino).

Há muito não tinha lido um discurso tão importante, transcrito a seguir.

“Primeiro os deveres, depois os direitos” “Derrotamos a frivolidade e a hipocrisia dos intelectuais progressistas. O pensamento único é daquele que sabe tudo e que condena a política enquanto a mesma é praticada. Não vamos permitir a mercantilização do mundo onde não há lugar para a cultura: desde 1968 não se podia falar da moral. Haviam-nos imposto o relativismo.

A idéia de que tudo é igual, o verdadeiro e o falso, o belo e o feio, que o aluno vale quanto o mestre, que não se pode dar más notas para não traumatizar o mau estudante. Fizeram-nos crer que a vítima conta menos que o delinqüente. Que a autoridade estava morta, que as boas maneiras haviam terminado. Que não havia nada sagrado, nada admirável. Era o slogan de maio de 1968 nas paredes da Sorbonne: “Viver sem obrigações e gozar sem trabalhar”. Quiseram terminar com a escola de excelência e do civismo. Assassinaram os escrúpulos e a ética.

Uma esquerda hipócrita que permitia indenizações milionárias aos grandes executivos e o triunfo do predador sobre o empreendedor. Esta esquerda está na política, nos meios de comunicação, na economia. Ela tomou o gosto do poder. A crise da cultura do trabalho é uma crise moral. Vou reabilitar o trabalho. Deixaram sem poder as forças da ordem e criaram uma farsa: “abriu-se uma fossa entre a política e a juventude”. Os vândalos são bons e a polícia é má. Como se a sociedade fosse sempre culpada e o delinqüente, inocente. Defendem os serviços públicos, mas jamais usam o transporte coletivo. Amam tanto a escola pública, e seus filhos estudam em colégios privados. Dizem adorar a periferia e jamais vivem nela.

Assinam petições quando se expulsa um invasor de moradia, mas não aceitam que o mesmo se instale em sua casa. Essa esquerda que desde maio de 1968 renunciou ao mérito e ao esforço, que atiça o ódio contra a família, contra a sociedade e contra a República. Isso não pode ser perpetuado num pais como a França e por isso estou aqui. Não podemos inventar impostos para estimular aquele que cobra do Estado sem trabalhar. Quero criar uma cidadania de deveres. “Primeiro os deveres, depois os direitos”.

Nicolas Sarcozy – Presidente da França

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Um bolo gostoso para o final de semana



BOLO AZEDINHO

Final de semana sem bolo... não é um bom final de semana... Então, sugiro a vocês um bem gostoso...

Ingredientes

4 ovos (claras e gemas separadas)
1 xícara (chá) de açúcar
3 xícaras (chá) de suco de laranja
2 xícaras (chá) de farinha de trigo
1 colher (sopa) de fermento em pó
Raspas de casca de limão para decorar
Margarina e farinha de trigo para untar

Cobertura e recheio:

1 lata de leite condensado
1/3 lata de suco de limão (use a lata de leite de condensado vazia para medir)

Modo de Preparo

Na batedeira, bata as claras em neve.
Acrescente as gemas, o açúcar, 1 xícara (chá) do suco, a farinha e o fermento, batendo a cada adição.
Coloque em uma fôrma redonda de 22cm de diâmetro untada e enfarinhada.
Leve ao forno, preaquecido, por 30 minutos ou até estar no ponto.
Retire do forno e umedeça com o suco de laranja restante.
Deixe esfriar.

Misture os ingredientes da cobertura e recheio.
Desenforme o bolo e corte ao meio na horizontal.
Espalhe 1/3 da cobertura sobre uma das partes e cubra com a outra metade da massa.
Espalhe o restante da cobertura em cima e na lateral do bolo.
Leve à geladeira por 2 horas.

Decore com raspas de limão e sirva.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Amigo


Tem pessoas que aparecem em nossa vida, nela permanecem durante anos e quando partem para uma nova vida, não parece que se foram... Esse é o caso de um grande amigo, que há exatamente quatro anos partiu para a pátria espiritual: Sr. Spartaco Ghilardi.

Ele, italiano, palmeirense, amante da vida, dos amigos, da família e da Doutrina Espírita. Grande médium nos mostrou caminhos, nos orientou, nos encaminhou durante anos e, junto dele nos sentíamos seguros, como se nosso barco, mesmo quando navegasse por ondas grandes estaria seguro porque ele estaria por perto. Ele nos dava trabalho, ocupações, obrigações que desempenhávamos sob suas asas... Nos ensinava o que é ser espírita, o que é ser médium, mostrando a beleza do intercâmbio entre os dois mundos...

Quando ele se foi pensamos que nosso barco ficaria à deriva mas, qual o quê... isso não aconteceu, pois a cada dificuldade, a cada problema a ser resolvido nos lembrávamos de suas orientações, da confiança que depositava em cada um e fomos caminhando, certo s de que ele estaria, como sempre, a nos proteger, a nos orientar.

De vez em quando ele aparece, manda recado, incentiva, orienta, mas sempre dizendo que tenhamos confiança, fé e para seguir em frente...

Obrigada, meu amigo, meu mestre. Que possamos desempenhar nossas atividades sem decepcioná-lo... Fique em paz...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Alguma coisa mudou???

Pois é, o Corinthians voltou, o Kassab ganhou, fez calor e hoje está frio...

As bolsas estão em pânico, os investidores idem... Não tenho ações na bolsa, nem sei direito como isso funciona mas... a gente que pensa não ter nada com isso acaba respingado, conforme tenho lido e ouvido.

Obama ou Mc Cain??? Como sempre torço por alguém, me simpatizo mais com o Obama... Mc Cain me passa uma imagem de "não sei o quê" que não gosto... Se Obama será um bom presidente tenho minhas dúvidas, mas pelo menos parece que ele não é de querer guerra como aquele senhor que logo vai embora.

Então, o negócio é tocar nossa vida, acertando e batendo cabeça... com calor ou com frio...

E que prefeito de todos nós seja feliz em sua nova tarefa, que não é fácil...

sábado, 25 de outubro de 2008

TIMÃO CHEGANDO...

Se o Corinthians ganhar hoje já estará de volta à chamada elite do futebol.

Estarei na torcida... como todos os demais corinthianos, que já estão até cantando aquela música do Roberto Carlos: "Eu voltei, agora pra ficar, porque aqui, aqui é meu lugar..." Nada mais apropriado...
Admiro muito essa torcida fiel, que em momento algum deixou de apoiar, incentivar, coisa que se fosse outro time não sei se fariam o mesmo...

Pena que na vida as pessoas não torçam umas pelas outras dessa maneira...
Viva o Corinthians!!! Viva os corinthianos!!!
Bem-vindo, timão!!!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

20 DE OUTUBRO - DIA DO POETA


SER POETA

Florbela Espanca

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!


Que os poetas continuem a nos mostrar um mundo que só os poetas sabem ver...

sábado, 18 de outubro de 2008

GARRINCHA

Adoro futebol!!! Desde muito pequena aprendi a apreciar, a torcer...

Aos domingos almoçavamos mais cedo e íamos todos - a família toda - ao estádio Moisés Lucarelli, da Ponte Preta, em Campinas torcer, mas torcer muito... E, mais do que torcer, nós, as crianças nos divertíamos muito... Era bonito ver os tios, as tias, os primos na maior alegria, todos juntos naquele clima familiar e alegre...

O tempo foi passando e meu amor e minha vontade de continuar assistindo continuou... Quando morei no Rio de Janeiro ia com meu marido ao Maracanã, depois em Porto Alegre também... e sempre escolhia um time pra torcer: no Rio virei flamenguista e em POA colorada...

Aqui em Sampa sempr fui corinthiana, por influência das cores - as mesmas da Ponte Preta... e nunca me entristeci com esse time... Acho o máximo aquela torcida continuar a apoiar, mesmo diante de um fracasso tão grande que o rebaixou... E agora, com seu incentivo está retornando à chamada elite do futebol...

Me lembrei disso tudo após ver uns vídeos do Garrincha, jogador que cheguei a ver no Maracanã e que sempre foi quem mais me encantou... Seus dribles de menino, um menino meio moleque eram de deixar qualquer um encantado e os seus adversários perdidos, desconcertados...

Ninguém foi mais jogador que ele...
Ninguém amou mais ser jogador que ele...
Ninguém deu mais alegria a quem gosta de futebol que ele...

E, por coincidência, hoje Garrincha estaria completando 75 anos de idade... Que ele receba todas as homenagens por tantos momentos alegres que nos proporcionou, e que papai do céu nunca deixe de entregar a ele um belo gramado pra que continue a fazer o que mais gostava...

Salve Garrincha!!!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

MEUS MESTRES

Mestres tive muitos... Acho que desde quando nasci eles começaram a aparecer: como pai, mãe, avós, tios... eles não imaginam o quanto me ensinaram, o quanto aprendi com eles, com seus exemplos, com as conversas que tivemos.

Cada um com seu modo... foram ensinando a ouvir música clássica, a prestar atenção nas vozes do coral e dos sinos da catedral, a saber quem foi Drummond, Guilherme de Almeida, Carlos Gomes... Olhar um céu estrelado, ouvir o barulho da chuva caindo, saborear um bolo de fubá que acabou de sair do forno...

Ensinaram que gente mais velha é sabida e deve ser respeitada, que criança precisa ser feliz, que irmão veio pra ser amigo, companheiro...

Com meu pai aprendi que peixe bom pra se comer é peixe de água doce, principalmente se foi um brigador... e que pra que ele fique bem torradinho deve ser passado no fubá antes de fritar...

Também ele me ensinou... e demonstrou que as coisas simples da vida é que são importantes...
Ele me ensinou que viajar, pegar uma estrada é a melhor coisa do mundo... e agora que ele mora junto do patrão véio deve estar dando suas andadas por lá...

Do colégio só tenho coisas boas pra me lembrar, lá no Ateneu Paulista, na minha Campinas: tinha o professor Antônio Aquino, de Latim, o Pedrinho, de História, o Prof. Ernesto Alves Filho, de Português que gostava de contar histórias de terror pra quando a gente ainda era pequeno...

O professor Euclides Guimarães, de Geografia que acabou de viajar para o andar de cima, sempre bonitão, alinhado... E meu amado professor Mário de Túllio, que além de dar aulas de música no colégio também me ensinava piano - saudades, professor!!!

E tinha o professor João Batista Amade, esse da foto aí do lado... Nunca fui aluna brilhante em matemática, mas dele tenho uma lição que jamais esquecerei: resolvi fazer o que muitos da classe faziam: colar. Morrendo de medo, colei e tirei nota 100! Quando recebi a prova com aquele 100 brilhante, com elogios do professor fiquei muito constrangida porque ele me olhava sorrindo... Fiquei com vergonha, deixei todos os alunos sairem da classe e fui dizer a ele o que tinha feito: colado - ele riu muito e disse que tinha visto tudo... Pensei: "agora lá vem um zero brilhante!" Mas, que nada, ele conservou o meu 100 e ainda me cumprimentou pela honestidade, dizendo que eu fosse assim sempre...

Já adulta os mestres continuaram a aparecer e deixando suas marcas, suas lições...

Mas, em meio de todos eles rendo minha homenagem a uma pessoa muito
mportante na minha vida de espírita: Dr. Ary Lex (foto à direita). Homem íntegro, sincero,
honesto em suas crenças e atitudes; e, o que mais aprendi com ele foi a ter
sempre em mente a pureza doutrinária, que não me deixasse influenciar
e analisar, analisar tudo, analisar muito...

Ao meu mestre marido, grande amigo... obrigada por tantos ensinamentos... os mestres continuaram chegando... alguns vieram como filhos, amigos e agora netos.

Que Jesus, o mestre maior abençoe todos os mestres e que nós tenhamos a percepção de notar suas presenças e ensinamentos...

sábado, 11 de outubro de 2008

UMA CRIANÇA CHAMADA MIMA


Amanhã é o Dia da Criança e pra mim está sendo um bom momento pra me lembrar da criança que fui...

Meu apelido, Mima, dado por meu irmão, bem que combina com o que fui quando meninazinha... mimada... Claro, primeira neta das duas famílias, só podia dar nisso mesmo...

Me lembro do quanto fui paparicada, acarinhada pelas vovós, titias, titios e até por uma bisa com quem convivi só um pouquinho; o biso sim, um lindo italiano de olhos claros, bochechas rosadas convivi em muitas férias lá no interior, e dele tenho boas lembranças... Papai e mamãe então, era uma paparicação só...
Nunca fui uma criança de gostar de brincadeiras de pega-pega, esconde-esconde, sabe essas brincadeiras que as crianças ficam sujas, suadas... odiava!!! Preferia muito mais as bonecas, os cadernos de desenho e os livros, muitos livros... Esses sim sempre foram meus grandes amigos, com quem viajava pra longe, conhecia príncipes, princesas, voava até...
Era uma garotinha sonhadora... como sonhava:
Quando crescesse ia me apaixonar por um trapezista e com ele e o circo percorrer o mundo...

Quando fosse moça ia nadar como a Esther Williams e... ficou só no sonho mesmo... até hoje nem aprendi a nadar...

Quando virasse gente grande ia ser uma grande escritora... ah, não sou uma grande escritora, nem posso me considerar uma escritora, mas a criançada até que gosta das minhas estórias que andam viajando por aí...

Quando me casasse... ah, quando me casasse... Tinha que ser com um moço bonito, educado, que soubesse sorrir e que me amasse muito... Ah... isso eu consegui... tudo isso e muito mais...

Também queria ser mãe uma boa mãe de filhos lindos, é claro!!! Mas, que fossem lindos por dentro, elegantes no comportamento, com a cuca bem legal e que fossem meus amigos... Não sei se consegui tudo, pois não sei se sou uma boa mãe, apesar de fazer o que posso e o que sei, o que não deve ser grande coisa mas, fazer o quê...

Agora sou até uma vovozinha, imagine! Pensei que isso ia demorar tanto pra acontecer... a gente pensa, quando é mocinha, que ficar velha demora muito mas, que nada... passa tão rápido e quando a gente vê... os cabelos estão brancos, disfarçados de outras cores...

Por tudo isso e tanta coisa mais só posso dizer a papai do céu, a meus pais, vovós, família o quanto sou grata por tudo que recebi... E que eu saiba dar à família que construí pelo menos uma parte do que recebi.

Que minha criança continue sonhando...


quinta-feira, 9 de outubro de 2008

QUEM É AMIGO - Arthur da Távola


Amigo é quem, conhecido ou não, vivo ou morto, nos faz pensar, agir ou se comportar no melhor de nós mesmos. É quem potencializa esse material. Não digo que laboremos sempre no pior de nós mesmos (algumas pessoas, sim) mas nem sempre podemos ser integrais para operar no melhor de nós. Há que contar com algum elemento propiciador, uma afinidade, empatia, amor, um pouco de tudo isso. E sempre que agimos no melhor de nós mesmos, melhoramos, é a mais terapêutica das atitudes, a mais catártica e a mais recompensadora.

Esta é a verdadeira amizade, a que transcende os encontros, os conhecimentos, o passado em comum, aventuras da juventude vividas junto. Um escritor ou compositor morto há mais de cem anos pode ser o seu maior amigo.

Esse conceito de amizade, transcende aquele outro mais comum: a de que amigo é alguém com quem temos afinidade, alguma forma de amor não sexual, alguém com quem podemos contar no infortúnio, na tristeza, pobreza, doença ou desconsolo. Claro que isso é também amizade, mas o sentido profundo desse sentimento desafiador chamado amizade é proveniente de pessoas, conhecidas ou não, distantes ou próximas, que nos levam ao melhor de nós.
E o que é o melhor de nós? É algo que todos temos, em estado latente ou patente, desenvolvido ou atrofiado. Mas temos. E certas pessoas conseguem o milagre de potencializar esse melhor. Sentimo-nos, então, fundamente gratos e de certa maneira orgulhosos (no bom sentido da palavra) por poder exercitar o que temos de melhor. Este melhor de nós contém sentimentos, palavras, talentos guardados, bondades exercidas ou não.

Amar, ao contrário do que se pensa, não perturba a visão que se tem do outro. Ao contrário, aguça-a, aprofunda-a, aprimora-a. Faz-nos ver melhor. Também assim é a amizade, forma de especial de amor, capaz de ampliar a lucidez e os modos generosos e compreensivos de ver, sentir, perceber o outro e sobretudo -se possível- potencializar os seus melhores ângulos e sentimentos.Somos todos seres carentes de ser vistos e considerados pelo melhor de nós. A trivialidade, a superficialidade, as disputas inconscientes, a inveja, a onipotência, a doença da auto-referência faz a maioria das pessoas transformar-se em vítimas do próprio olhar restritivo. E o olhar restritivo é sempre fruto da projeção que fazem (fazemos) nos demais, de problemas e partes que são nossas e não queremos ver. E quantas vezes isso acontece entre pessoas que se dizem amigas.

Essas pessoas (que se dizem amigas), ignoram certas descobertas do velho Dr. Freud e através de chistes passam o tempo a gozar o “amigo”, alardeando intimidade (onde às vezes há inveja) como prova de amizade. O que não é. Mesmo quando é...Se se quiser medir o tamanho de uma amizade, meça-se a capacidade de perceber, sentir e potencializar o melhor do outro, porque somente essa atitude fará dele uma pessoa cada vez melhor e por isso merecedora da amizade que se lhe dedica.

TAIGUARA








Se ainda estivesse entre nós, hoje Taiguara completaria 63 anos...
Mas, entre nós está sua música, sua poesia... então, Taiguara continua entre nós...
Todos apreciam sua música, as palavras de sua poesia e outros ainda seu amor pelo Brasil, onde, nos anos de ditadura foi preso...
As palavras que ele escrevia "incomodavam"... e se "incomodavam"... a prisão era o caminho, não só pra ele mas pra outros que se utilizavam da palavra pra demonstrar amor e descontentamento.
Que Taiguara receba, como uma prece, nosso carinho e admiração, esperando por sua colaboração de sempre em nossos trabalhos.
Abraço cheio de carinho.

domingo, 5 de outubro de 2008

ELEIÇÕES

Hoje votamos... Mas que pena que isso seja obrigatório... se não fosse, imagino que as pessoas votariam mais conscientes da responsabilidade que é votar... Se eu fosse mais nova bem que gostaria de ingressar na política, pois seria uma oportunidade a mais de trabalhar naquilo em que acredito.
Então, como não somos políticos, o que nos resta é fazer a nossa parte e desejar que aqueles que foram eleitos sejam felizes na gestão, com muita responsabilidade e respeito.
Boa sorte a eles, boa sorte a nós!

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

MINHA FAMÍLIA E OS BOLOS

Sou de uma família de boleiras: bisavó, avós, tias, mãe... e eu, é claro, virei boleira também...

Minhas filhas... boleiras e até minhas netas já estão começando a virar... boleiras...

Pois é, em casa, quando não tem bolo vem logo a reclamação: "não tem nada pra comer nesta casa?" Então, essa coisa boa não pode faltar...

Os bolos são os mais diversos e cada uma das mulheres tem sua especialidade: tem o bolo de nozes da tia Dora, o pão-de-ló de laranja da Simone, o bolo de cenoura da Vivi... e assim vai...

Há pouco fiz um que ficou maravilhoso! A receita quem me deu foi uma amiga, a Ângela Marília, dizendo que era receita de uma parente dela, lá de São Simão, terra de meu pai... Ela disse até que essa tia é uma Badan que até é minha parente...

Cheiro de bolo é coisa pra lá de boa mas, sentar à mesa pra comer uma fatia bem generosa, com um café recém passado... hummm... é bom demais...

Então, quero compartilhar com vocês essa receita de bolo de maçã que é mesmo maravilhoso!!!

Depois quero saber se o de vocês também ficou tão bom quanto o meu...


BOLO DE MAÇÃ MARAVILHOSO







3 xícaras (de chá) de maçãs sem cascas em pedacinhos
2 xícaras (de chá) de açúcar
1 xícara (de chá) de óleo
2.1/2 xícaras (de chá) de farinha de trigo
1 xícara (de café) de leite
1 colher (de café) de canela em pó
2 colheres (de sobremesa) de fermento em pó
1 colher (de café) de bicarbonato
1 colher (de chá) de essência de baunilha
3 ovos inteiros

GLACÊ

1 lata de leite condensado
1/2 colher (de sopa) de manteiga ou margarina
1/2 lata de creme de leite

MODO DE PREPARAR

Bata todos os ingredientes da massa, menos as maçãs, que devem ser adicionadas depois que a massa estiver bem incorporada.
Asse em forma redonda, de buraco no meio devidamente untada e enfarinhada.
O glacê é um brigadeiro mole - o creme de leite colocar somente quando o fogo estiver desligado.

Jogue o glacê sobre o bolo e... BOM APETITE!!!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O POETA DA ROÇA




Sou fio das mata, cantô da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de páia de mío.

Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.

Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.

Meu verso rastêro, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.

Só canto o buliço da vida apertada,
Da lida pesada, das roça e dos eito.
E às vez, recordando a feliz mocidade,
Canto uma sodade que mora em meu peito.

Eu canto o cabôco com suas caçada,
Nas noite assombrada que tudo apavora,
Por dentro da mata, com tanta corage
Topando as visage chamada caipora.

Eu canto o vaquêro vestido de côro,
Brigando com o tôro no mato fechado,
Que pega na ponta do brabo novio,
Ganhando lugio do dono do gado.

Eu canto o mendigo de sujo farrapo,
Coberto de trapo e mochila na mão,
Que chora pedindo o socorro dos home,
E tomba de fome, sem casa e sem pão.

E assim, sem cobiça dos cofre luzente,
Eu vivo contente e feliz com a sorte,
Morando no campo, sem vê a cidade,
Cantando as verdade das coisa do Norte.


Essa poesia é de PATATIVA DO ASSARÉ, que era o nome como ficou conhecido Antônio Gonçalves da Silva, cearense de Assaré, que chegou a este mundo em 02.03.1909 e dele se despediu em: 28.07.2002 na sua terra, Assaré.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

MACHADO DE ASSIS






Hoje comemora-se o centenário do falecimento de um grande brasileiro: Joaquim Maria MACHADO DE ASSIS, um carioca que nasceu em 21 de junho de 1839 e, por ter amado tanto aquela cidade, despediu-se da vida terrena no Rio de Janeiro em 29 de setembro de 1908.

Foi romancista, contista, poeta e teatrólogo, considerado um dos mais importantes nomes da literatura do Brasil.

Sua vasta obra inclui também crítica literária. É considerado um dos criadores da crônica no país, além de ser importante tradutor, vertendo para o português obras como Os Trabalhadores do Mar, de Victor Hugo e o poema O Corvo, de Edgar Allan Poe.

Foi também um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e seu primeiro presidente, também chamada de Casa de Machado de Assis.

Foi casado com portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais, irmã do poeta Faustino Xavier de Novais a quem dedicou o poema abaixo.

CAROLINA


Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.


Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs o mundo inteiro.


Trago-te flores - restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.
Que eu, se tenho nos olhos malferidos


Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.
Machado de Assis, 1906



sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Um bolo para o final de semana


Não é pra me gabar, mas bolo de fubá igual ao meu é muuuuuuuuuuito difícil! E, como não sou nem um pouco egoísta, passo a vocês a receita.


BOLO DE FUBÁ DA MIMA (que era da avó, da mãe...)

4 colheres (sopa-bem cheias) de margarina
2 xícaras (chá) de açúcar
5 ovos
1.1/4 xícara de leite ou 1 vidro de leite de côco + 1/4 xícara (chá) de leite
2 xícaras (chá) de farinha de trigo
1 xícara (chá) de fubá mimoso
1 colher (sopa) de fermento em pó
- cubinhos de goiabada ou erva-doce (opcionais)
Modo de fazer

1. Na batedeira bata muito bem a margarina com as gemas, o açúcar e um pouco de leite.
2. Adicione alternativamente a farinha de trigo, o fubá e o leite, batendo sempre muito bem.
3. Incorpore o fermento em pó.
4. Bata as claras em neve e misture delicadamente à massa.
5. Se for usar erva-doce, adicione juntamente com as claras.
6. Toda essa massa deve ser colocada em forma redonda, de buraco no meio devidamente untada e enfarinhada.
7. Sobre a massa coloque os cubinhos de goiabada passados na farinha de trigo (devem ser passados mesmo na farinha de trigo para que não afundem e queimem)
É isso aí!!! Façam e depois me contem se é ou não é maravilhoso!!!

Ah, se gostarem, depois de que o bolo esteja virado no prato, pode ser polvilhado com açúcar e canela... também fica delicioso!!!
Ponham na mesa uma linda toalha, coem aquele cafezinho e... curtam o Bolo da Fubá da Mima.



quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Um pouco de Drummond


Eu preparo uma canção

em que minha mãe se reconheça,

todas as mães se reconheçam,

e que fale como dois olhos.


Caminho por uma rua

que passa em muitos países.

Se não me vêem, eu vejo

e saúdo velhos amigos.


Eu distribuo um segredo

como quem ama ou sorri.

No jeito mais natural

dois carinhos se procuram.


Minha vida, nossas vidas

formam um só diamante.

Aprendi novas palavras

e tornei outras mais belas.


Eu preparo uma canção

que faça acordar os homens

e adormecer as crianças.

VIOLINOS NÃO ENVELHECEM - Rubem Alves








Eu a escrevi faz muito tempo - uma estória de amor. Quem a leu, eu sei, não se esqueceu.
Por razão do dito pela Adélia: " o que a memória ama fica eterno".
História de amor não inventada, acontecida, tão comovente quanto Romeu e Julieta, Abelardo e Heloísa. O que fiz foi só registrar o acontecido.
Preciso contá-la de novo, para benefício daqueles que não a leram pela primeira vez, e a fim de acrescentar um final novo, inesperado, acontecido depois.
A testemunha que me relatou o sucedido foi sobrinho, médico-músico, pessoa querida e bonita.
Atrasou-se para um compromisso na minha casa, chegou três horas depois, explicando que havia ido ao velório de um tio de 81 anos de idade que morrera de amor. Parece que seu velho corpo não suportara a intensidade da felicidade tardia, e os seus músculos não deram conta do jovem que, repentinamente, dele se apossara.
O amor surgira no tempo em que ele é mais puro: a adolescência. Mas naqueles tempos havia uma outra Aids, chamada tuberculose, que se comprazia em atacar as pessoas bonitas, os artistas, os apaixonados - esses eram os grupos de risco.
Pois ela, a tuberculose, invejosa da felicidade dos dois, alojou-se nos pulmões do moço, que teve de ir em busca de ar puro, no alto das montanhas, sanatório, tal como Thomas Mann descreve em seu livro - "A montanha mágica".
Quem ia para tais lugares despedia-se com um "adeus", um olhar de "nunca mais". Na melhor das hipóteses, muitos anos haveriam de passar antes do reencontro.
Imagino o sofrimento da jovem dividida: o corpo, naquela casa, a alma por longe terra! Na vida daquela menina, que surda, perdida guerra... (Cecília Meireles).
Valeram mais os prudentes conselhos da mãe e do pai: não trocar o certo pelo duvidoso. Vale mais um negociante vivo que um tuberculoso morto. E aconteceu com ela o que aconteceu com a Firmina Dazza, que de longe e às escondidas namorava o Fiorentino Ariza, na estória de Gabriel García Márquez "Amor nos tempos do cólera", que foi obrigada pelo pai a se casar com o doutor Urbino: não se troca um médico por um escriturário. Casou e com ele ficou até que, depois de 51 anos, veio a libertação...
Ela casou. Ele casou. Nunca mais se viram. Quando ele tinha 76 anos, ficou viúvo. Quando ela tinha 76 anos (ele tinha 79), ela ficou viúva. E ficou sabendo que ele estava vivo. A curiosidade e a saudade foram fortes demais. Foi procurá-lo. Encontraram-se. E, de repente, eram namorados adolescentes de novo. Resolveram casar-se. Os filhos protestaram. Eles, os filhos, todos os filhos, não suportam a idéia de que os velhos também têm sexo. Especialmente os pais. Pais velhos devem ser fofos, devem saber contar estórias, devem tomar conta dos netos. Mas velho apaixonado é coisa ridícula. Não combina. Mais detalhes no livro da Simone de Beauvoir sobre a velhice.
E houve também aquela estória do programa "Você decide" o velho pai, infeliz a vida inteira com a esposa, encontra uma mulher por quem se apaixona.
A pergunta: ele deve ou não deve deixar a esposa para viver o novo amor? Você decide... A decisão do público - os filhos, evidentemente: "Não, ele não deve viver o novo amor..." Os filhos sempre decidem contra o amor dos pais.
Mas, na nossa estória, os dois velhos deram uma solene banana para os filhos e foram viver juntos em Poços de Caldas. Viveram um ano de amor maravilhoso, e ele até começou a escrever poesia e voltou a tocar o violino que ficara por mais de 50 anos sobre um guarda roupa, porque a esposa não gostava de música de violino.
Confessou ao sobrinho: "Se Deus me der dois anos de vida com esta mulher, minha vida terá valido a pena..." Bem que Deus quis. Mas o corpo não deixou. Morreu de amor, como temia o Vinícius.
Achei a estória tão bonita que a transformei numa crônica a que dei um título inspirado nas Sagradas Escrituras: "...e os velhos se apaixonarão de novo".
Começa aqui o novo final para a estória.
Passaram-se semanas. Eram dez horas. Eu estava trabalhando no meu escritório. O telefone tocou. Voz aveludada de mulher do outro lado.
-É o professor Rubem Alves?
- Sim, respondi secamente. Eu sou sempre seco ao telefone.
- Quero agradecer a belíssima crônica que o senhor escreveu com o título: "...e os velhos se apaixonarão de novo". O senhor já deve ter adivinhado quem está falando...
- Não, respondi. Por vezes eu sou meio burro. Aí ela se revelou:
- Sou a viúva.
Foi o início de uma deliciosa conversa de mais de 40 minutos, interurbano, em que ela contou detalhes que eu desconhecia. O medo que ela teve quando ele resolveu mandar consertar o violino! Ela temia que os dedos dele já estivessem duros demais...
Ah! Que metáfora fascinante para um psicanalista sensível!
Sim, sim! Nem os violinos ficam velhos demais, nem os dedos ficam impotentes para produzir música!
E aí foi contando, contando, revivendo, sorrindo, chorando --- tanta alegria, tanta saudade, uma eternidade inteira num grão de areia... Ao terminar, ela fez esta observação maravilhosa:
- Pois é, professor. Na idade da gente, a gente não mexe muito com sexo. A gente vive de ternura!
Aqui termina a lição do Evangelho.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Meu tio e Helen Keller

Convivi até poucos anos com um tio, que foi uma das pessoas mais importantes da minha vida, pois ele me apresentou aos poetas, aos escritores, aos compositores clássicos; foi ele quem me ensinou a prestar atenção aos sons, aos cheiros, ao tato.
Com ele aprendi a olhar o céu numa noite estrelada e a identificar as estrelas, as constelações e me enamorar da lua.
Essa sensibilidade apurada ele tinha, não só por ser uma pessoa atenta, criativa, imaginativa, mas também porque era um deficiente visual. Sua vida acadêmica foi iniciada no Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro e finalizada no Padre Chico, em São Paulo, onde foi professor.
De volta à família, em Campinas, fundou com outro amigo o Instituto dos Cegos onde também foi professor. Seu nome: Benedito dos Santos Vieira, o Professor, como ele gostava de ser chamado.
Dele até se podia esquecer o aniversário, mas o Dia do Professor não... Sempre tinha comemoração: fazíamos bolo, convidávamos a família , os amigos e virava mesmo uma festa, que o deixava muito feliz.
Dentre as muitas pessoas de quem ele falava, estava Helen Keller... Então, para me lembrar mais uma vez do Tio Dito, o Professor, segue um texto de Helen Keller.

Três Dias Para Ver

O que você olharia se tivesse apenas três dias de visão?
Helen Keller, cega e surda desde bebê, dá a sua resposta neste belo ensaio, publicado no Reader's Digest (Seleções)

Várias vezes pensei que seria uma benção se todo ser humano, de repente, ficasse cego e surdo por alguns dias no princípio da vida adulta. As trevas o fariam apreciar mais a visão e o silêncio lhe ensinaria as alegrias do som.

De vez em quando testo meus amigos que enxergam para descobrir o que eles vêem. Há pouco tempo perguntei a uma amiga que voltava de um longo passeio pelo bosque o que ela observara. "Nada de especial", foi à resposta. Como é possível, pensei, caminhar durante uma hora pelos bosques e não ver nada digno de nota? Eu, que não posso ver, apenas pelo tato encontro centenas de objetos que me interessam. Sinto a delicada simetria de uma folha. Passo as mãos pela casca lisa de uma bétula ou pelo tronco áspero de um pinheiro.

Na primavera, toco os galhos das árvores na esperança de encontrar um botão, o primeiro sinal da natureza despertando após o sono do inverno. Por vezes, quando tenho muita sorte, pouso suavemente a mão numa arvorezinha e sinto o palpitar feliz de um pássaro cantando. Às vezes meu coração anseia por ver tudo isso. Se consigo ter tanto prazer com um simples toque, quanta beleza poderia ser revelada pela visão!

E imaginei o que mais gostaria de ver se pudesse enxergar, digamos por apenas três dias. Eu dividiria esse período em três partes.

No primeiro dia gostaria de ver as pessoas cuja bondade e companhias fizeram minha vida valer a pena. Não sei o que é olhar dentro do coração de um amigo pelas "janelas da alma", os olhos. Só consigo "ver" as linhas de um rosto por meio das pontas dos dedos. Posso perceber o riso, a tristeza e muitas outras emoções. Conheço meus amigos pelo que toco em seus rostos. Como deve ser mais fácil e muito mais satisfatório para você, que pode ver, perceber num instante as qualidades essenciais de outra pessoa ao observar as sutilezas de sua expressão, o tremor de um músculo, a agitação das mãos. Mas será que já lhe ocorreu usar a visão para perscrutar a natureza íntima de um amigo? Será que a maioria de vocês que enxergam não se limita a ver por alto as feições externas de uma fisionomia e se dar por satisfeita? Por exemplo, você seria capaz de descrever com precisão o rosto de cinco bons amigos? Como experiência, perguntei a alguns maridos qual a exata cor dos olhos de suas mulheres e muitos deles confessaram, encabulados, que não sabiam. Ah, tudo que eu veria se tivesse o dom da visão por apenas três dias!

O primeiro dia seria muito ocupado. Eu reuniria todos os meus amigos queridos e olharia seus rostos por muito tempo, imprimindo em minha mente as provas exteriores da beleza que existe dentro deles. Também fixaria os olhos no rosto de um bebê, para poder ter a visão da beleza ansiosa e inocente que precede a consciência individual dos conflitos que a vida apresenta. Gostaria de ver os livros que já foram lidos para mim e que me revelaram os meandros mais profundos da vida humana. E gostaria de olhar nos olhos fiéis e confiantes de meus cães, o pequeno scottie terrier e o vigoroso dinamarquês.

À tarde daria um longo passeio pela floresta, intoxicando meus olhos com belezas da natureza. E rezaria pela glória de um pôr-do-sol colorido. Creio que nessa noite não conseguiria dormir.

No dia seguinte eu me levantaria ao amanhecer para assistir ao empolgante milagre da noite se transformando em dia. Contemplaria assombrado o magnífico panorama de luz com que o Sol desperta a Terra adormecida.

Esse dia eu dedicaria a uma breve visão do mundo, passado e presente. Como gostaria de ver o desfile do progresso do homem, visitaria os museus. Ali meus olhos veriam a história condensada da Terra -- os animais e as raças dos homens em seu ambiente natural; gigantescas carcaças de dinossauros e mastodontes que vagavam pelo planeta antes da chegada do homem, que, com sua baixa estatura e seu cérebro poderoso, dominaria o reino animal.

Minha parada seguinte seria o Museu de Artes. Conheço bem, pelas minhas mãos, os deuses e as deusas esculpidos da antiga terra do Nilo. Já senti pelo tacto as cópias dos frisos do Paternon e a beleza rítmica do ataque dos guerreiros atenienses. As feições nodosas e barbadas de Homero me são caras, pois também ele conheceu a cegueira.

Assim, nesse meu segundo dia, tentaria sondar a alma do homem por meio de sua arte. Veria então o que conheci pelo tacto. Mais maravilhoso ainda, todo o magnífico mundo da pintura me seria apresentado. Mas eu poderia ter apenas uma impressão superficial. Dizem os pintores que, para se apreciar a arte, real e profundamente, é preciso educar o olhar. É preciso, pela experiência, avaliar o mérito das linhas, da composição, da forma e da cor. Se eu tivesse a visão, ficaria muito feliz por me entregar a um estudo tão fascinante.

À noite de meu segundo dia seria passada no teatro ou no cinema. Como gostaria de ver a figura fascinante de Hamlet ou o tempestuoso Falstaff no colorido cenário elisabetano! Não posso desfrutar da beleza do movimento rítmico senão numa esfera restrita ao toque de minhas mãos. Só posso imaginar vagamente a graça de uma bailarina, como Pavlova, embora conheça algo do prazer do ritmo, pois muitas vezes sinto o compasso da música vibrando através do piso.

Imagino que o movimento cadenciado seja um dos espetáculos mais agradáveis do mundo. Entendi algo sobre isso, deslizando os dedos pelas linhas de um mármore esculpido; se essa graça estática pode ser tão encantadora, deve ser mesmo muito mais forte a emoção de ver a graça em movimento.

Na manhã seguinte, ávida por conhecer novos deleites, novas revelações de beleza, mais uma vez receberia a aurora. Hoje, o terceiro dia, passarei no mundo do trabalho, nos ambientes dos homens que tratam do negócio da vida. A cidade é o meu destino.

Primeiro, paro numa esquina movimentada, apenas olhando para as pessoas, tentando, por sua aparência, entender algo sobre seu dia-a-dia. Vejo sorrisos e fico feliz. Vejo uma séria determinação e me orgulho. Vejo o sofrimento e me compadeço.

Caminhando pela 5ª Avenida, em Nova York, deixo meu olhar vagar, sem se fixar em nenhum objeto em especial, vendo apenas um caleidoscópio fervilhando de cores. Tenho certeza de que o colorido dos vestidos das mulheres movendo-se na multidão deve ser uma cena espetacular, da qual eu nunca me cansaria. Mas talvez, se pudesse enxergar, eu seria como a maioria das mulheres – interessadas demais na moda para dar atenção ao esplendor das cores em meio à massa.

Da 5ª Avenida dou um giro pela cidade – vou aos bairros pobres, às fábricas, aos parques onde as crianças brincam. Viajo pelo mundo visitando os bairros estrangeiros. E meus olhos estão sempre bem abertos tanto para as cenas de felicidade quanto para as de tristeza, de modo que eu possa descobrir como as pessoas vivem e trabalham, e compreendê-las melhor.

Meu terceiro dia de visão está chegando ao fim. Talvez haja muitas atividades a que devesse dedicar as poucas horas restantes, mas acho que na noite desse último dia vou voltar depressa a um teatro e ver uma peça cômica, para poder apreciar as implicações da comédia no espírito humano.À meia-noite, uma escuridão permanente outra vez se cerraria sobre mim. Claro, nesses três curtos dias eu não teria visto tudo que queria ver. Só quando as trevas descessem de novo é que me daria conta do quanto eu deixei de apreciar.

Talvez este resumo não se adapte ao programa que você faria se soubesse que estava prestes a perder a visão. Mas sei que, se encarasse esse destino, usaria seus olhos como nunca usara antes. Tudo quanto visse lhe pareceria novo. Seus olhos tocariam e abraçariam cada objeto que surgisse em seu campo visual.

Então, finalmente, você veria de verdade, e um novo mundo de beleza se abriria para você.

Eu, que sou cega, posso dar uma sugestão àqueles que vêem: usem seus olhos como se amanhã fossem perder a visão. E o mesmo se aplica aos outros sentidos.

Ouça a música das vozes, o canto dos pássaros, os possantes acordes de uma orquestra, como se amanhã fossem ficar surdos. Toquem cada objeto como se amanhã perdessem o tacto. Sintam o perfume das flores, saboreiem cada bocado, como se amanhã não mais sentissem aromas nem gostos. Usem ao máximo todos os sentidos; goze de todas as facetas do prazer e da beleza que o mundo lhes revela pelos vários meios de contacto fornecidos pela natureza. Mas, de todos os sentidos,estou certa de que a visão deve ser o mais delicioso.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Alberto Centurião, meu amigo poeta

Sou uma pessoa muito privilegiada, pois tenho uma linda família e muitos amigos. Esses amigos são importantes, me fazem crescer, alegram minha vida cada um de seu jeito...
Dentre tantos, tenho um lindo amigo poeta - Alberto Centurião, que com sua sensibilidade coloca em versos o cotidiano, a vida, o amor, a amizade...
Aí vai um poema escrito por ele:

O artista e seu retrato quando velho

Tem vezes que a gente faz coisas que não se faz
e sabe que não devia
mas faz e depois se arrepende
e sente vergonha
medo repulsa dó desalento
mas já fez e está feito
e bate uma baita tristeza
e o coração se oprime
e um peso aperta o peito de um jeito
que o osso do peito sente a pressão
mas já não tem jeito
o que está feito está feito
então o jeito é juntar os cacos
com soldar o que sobrou
tratar de refazer o próprio ego
ferido despedaçado
o dia desperdiçado
e já que não tem conserto
o que foi feito foi feito
consertar a auto-imagem
juntando toda a coragem
para encarar no espelho do fato
o próprio auto-retrato
e decidir fazer com novos atos
novos fatos
para um novo auto-retrato
mais ao gosto do artista
que faz do gesto pincel
e na tela da vida usa o matiz da palavra
para o estudo frustrado recobrir com novas telas
mais do seu jeito mais belas
que o artista sem retoques não seria irretocável
e à custa de repintar-se o artista se reconstrói
recriando os próprios atos
até recriado inteiro tornar-se iguaria fina
o artista quando velho é a própria obra-prima

Oração de uma camponesa de Madagascar

Dentre muitas orações, tenho por esta uma terna predileção, por sua simplicidade, por sua generosidade... É o agradecimento em forma de trabalho e amor pela família...


Senhor, dono das panelas e das marmitas,
não posso ser a santa que
medita aos Vossos pés.

Não sei bordar toalhas para o Vosso altar.

Então, que eu seja santa ao pé do meu fogão.

Que o Vosso amor acenda a chama
que eu acendi pela manhã,
e me faça calar a vontade de gemer,
às vezes, minha tristeza.

Eu tenho as mãos de Marta mas quero
ter também as mãos de Maria.

Quando eu lavar o chão,
lavai, Senhor, os meus pecados.

Quando eu puser na mesa a comida,
comei também, Senhor, junto conosco.

É ao meu Senhor que eu sirvo,
servindo minhas crianças.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Assim eu vejo a vida - Cora Coralina

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança dos valores
que vão desmoronando.

Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.
Hoje está um dia lindo! Um lindo dia pra abrir este blog...
Quero que aqui seja um ponto de encontro, onde eu possa receber os amigos, mostrar as poesias e os poetas de quem gosto...
A criançada também será bem-vinda, pois aqui encontrarão também as estórias que a Vovó Mima gosta de contar para as netas...
Abraços cheios de carinho.