terça-feira, 29 de março de 2011

JOSÉ ALENCAR


Alencar provou que é possível os contrários viverem bem

O ex-presidente da República José Alencar morreu hoje aos 79 anos, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Alencar enfrentava um câncer na região abdominal há 15 anos. Chegou a passar por 17 cirurgias e várias internações.

Eliane Cantanhêde, colunista da Folha.com e autora da biografia "José Alencar, Amor à Vida",  da editora Sextante, fala sobre a trajetória do político no áudio abaixo.

Segundo ela, Alencar foi especial em várias frentes: autodidata, self made man, homem que apoiou o golpe militar e aderiu às "Diretas Já".

"Ele foi o líder patronal que virou vice do líder sindicalista", diz a jornalista. "Alencar provou que é possível os contrários viverem bem".

Ícone da luta contra o câncer, o mineiro virou um referencial de garra e vontade de vencer os obstáculos.

Casado com Mariza, "moça mais bonita de Caratinga", pai de Maria da Graça, Patrícia e Josué --o herdeiro no controle dos negócios--, Alencar deixa cinco netos e duas bisnetas.

SEM FINAL FELIZ


Lá ia um preocupado com o aluguel, o outro com os filhos, um terceiro com o emprego;numa casa a geladeira,na outra as obras quase prontas ;um casal apaixonado,o outro convivendo com o ódio surdo dos anos; uma mulher que não cabia em si de felicidade ao descobrir que ia ser mãe, outra desesperada pelo mesmo motivo; um rapaz com a primeira moto, uma moça com as roupas novas, uma criança entediada com os brinquedos velhos, outra fascinada com um game novo; um homem arrasado com um diagnóstico sem remédio, outro recuperado de uma cirurgia; uma avó comprando verduras no mercado para o jantar da família, outra buscando os netos na escola, um marceneiro aborrecido com um calote, uma professora feliz com o progresso dos alunos,um carteiro entregando a correspondência.

Vendedores vendendo,compradores comprando,dinheiro trocando de mãos, pequenas atividades cotidianas, como pontos numa tapeçaria.

De repente ,uma onda gigantesca sai do mar e acaba com tudo,alegrias e preocupações,felicidade e desespero , lucro e prejuízo,amor e ódio. Onde havia a engenhosa obra humana que é uma cidade em pleno funcionamento já não há nada,a não ser lama e escombros.

A vida que sobrou precisa continuar,mas como se continua depois de ver o mundo acabar em dez minutos ? Qual é a escala de valores que se aplica ? O que passa a ser prioritário? A idéia de que a vida se reduz ao mínimo denominador comum , às necessidades mais imediatas, é suposição de quem vê a catástrofe de longe.

Lá , em meio ao caos, é possível que nada tenha tanto valor quanto uma foto, uma carta, um recorte de jornal, provas materias do que existiu um dia. Ou não. Haverá talvez quem incorpore a nova realidade e passe a imaginar que o que havia antes não passa de uma alucinação coletiva,um sonho ao contrário.

Ainda assim , a civilização e a educação, duas irmãs que fazem diferença , escaparam ilesas da tsumani. Não se verificaram roubos,saques ou ataques de histeria destinados as câmeras de TV. Foi um assombro pra quem assistiu a tudo do outro lado do mundo e
com certeza,é um consolo pra quem está lá, e não precisa acrescentar à já longa lista de vicissitudes o medo do seu semelhante.

O Japão provou que o ser humano não precisa ser necessariamente violento, boçal e amoral. Resta saber quantos séculos mais nós precisaremos para alcançar este estágio.

(Cora Ronai)

sexta-feira, 25 de março de 2011

TÔ SÓ


Crônica de Hilda Hilst publicada no "Correio Popular" de Campinas-SP, na segunda-feira, 16 de agosto de 1993

LYA LUFT


"Vamo brincá de ficá bestando e fazê um cafuné no outro e sonhá que a gente enricô e fomos todos morar nos Alpes Suíços e tamo lá só enchendo a cara e só zoiando?

Vamo brincá que o Brasil deu certo e que todo mundo tá mijando a céu aberto, num festival de povão e dotô?
Vamo brincá que a peste passô, que o HIV foi bombardeado com beagacês, e que tá todo mundo de novo namorando?

Vamo brincá de morrê, porque a gente não morre mais e tamo sentindo saudade até de adoecê?

E há escola e comida pra todos e há dentes na boca das gentes e dentes a mais, até nos pentes? E que os humanos não comem mais os animais, e há leões lambendo os pés dos bebês e leoas babás? E que a alma é de uma terceira matéria, uma quântica quimera, e alguém lá no céu descobriu que a gente não vai mais pro beleléu? E que não há mais carros, só asas e barcos, e que a poesia viceja e grassa como grama (como diz o abade), e é porreta ser poeta no Planeta?

Vamo brincá de teta
de azul
de berimbau
de doutora em letras?

E de luar?
Que é aquilo de vestir um véu todo irisado e rodar, rodar...

Vamo brincá de pinel? Que é isso de ficá loco e cortá a garganta dos otro?

Vamo brincá de ninho? E de poesia de amor?
nave
ave
moinho
e tudo mais serei
para que seja leve
meu passo
em vosso caminho.

Vamo brincá de autista? Que é isso de se fechá no mundão de gente e nunca mais ser cronista? Bom-dia, leitor. Tô brincando de ilha."

(Trovas de muito amor para um amado senhor - SP: Anhambi, 1959)

quarta-feira, 23 de março de 2011

UM POUCO DE DRUMMOND

HÁ TANTOS DIÁLOGOS

Diálogo com o ser amado
o semelhante
o diferente
o indiferente
o oposto
o adversário
o surdo-mudo
o possesso
o irracional
o vegetal
o mineral
o inominado

Diálogo consigo mesmo
com a noite
os astros
os mortos
as idéias
o sonho
o passado
o mais que futuro

Escolhe teu diálogo
e
tua melhor palavra
ou
teu melhor silêncio
Mesmo no silêncio e com o silêncio
dialogamos.

(Carlos Drummond de Andrade)

sábado, 19 de março de 2011

À VIDA


É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!

Todos somos no mundo "Pedro Sem",
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!

A mais nobre ilusão morre... desfa-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que mesmo momento é já perdida...

Amar-te a vida inteira eu não podia,
A gente esquece sempre o bom de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!

(Poemas de Florbela Espanca, Martins Fontes, 1996 - São Paulo, Brasil)


"Cheguei em casa com a cabeça cheia de grilos
Não deu no Jornal Nacional,
Ninguém percebeu..."

(Ulisses Tavares)

quarta-feira, 16 de março de 2011

MOMENTOS NA VIDA

Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém que o que mais queremos é tirar esta pessoa de nossos sonhos e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser. Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que se quer. Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas, elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. A felicidade aparece para aqueles que choram, para aqueles que se machucam, para aqueles que buscam e tentam sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas. O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido.

Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado. A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade. A vida não é de se brincar porque um belo dia se morre.

(Clarice Lispector)

sexta-feira, 11 de março de 2011

A FELICIDADE POSSÍVEL

Só quem está disposto a perder tem o direito de ganhar. Só o maduro é capaz da renúncia. E só quem renuncia aceita provar o gosto da verdade, seja ela qual for. O que está sempre por trás dos nossos dramas, desencontros e trambolhões existenciais é a representação simbólica ou alegórica do impulso do ser humano para o amadurecimento. A forma de amadurecer é viver.

Viver é seguir impulsos até perceber, sentir, saber ou intuir a tendência de equilíbrio que está na raiz deles (impulsos). É um determinismo biológico: para amadurecer há que viver A pessoa é impelida para a aventura ou peripécia, como forma de se machucar para aprender, de cair para saber levantar-se e aprender a andar. (sofrer) as machucadelas da aventura e da peripécia existencial.

A solução de toda situação de impasse só se dá quando uma das partes aceita perder ou aceita renunciar (e perder ou renunciar não é igual, mas é muito parecido; é da mesma natureza).

Sem haver quem aceite perder ou renunciar, jamais haverá o encontro com a verdade de cada relação. E muitas vezes a verdade de cada relação pode estar na impossibilidade, por mais atração que exista. Como pode estar na possibilidade conflitiva, o que é sempre difícil de aceitar.

Só a renúncia no tempo certo devolve as pessoas a elas mesmas e só assim elas amadurecem e se preparam para os verdadeiros encontros do amor, da vida e da morte. Só quem está disposto a perder consegue as vitórias legítimas.

Amadurecer acaba por se relacionar com a renúncia, não no sentido restrito da palavra (renúncia como abandono), porém no lato (renúncia da onipotência e das formas possessivas do viver).

Viver é renunciar porque viver é optar e optar é renunciar. Renunciar à onipotência e às hipóteses de felicidade completa, plenitude etc é tudo o que se aprende na vida, mas até se descobrir que a vida se constrói aos poucos, sobre os erros, sobre as renúncias, trocando o sonho e as ilusões pela construção do possível e do necessário, o ser humano muito erra e se embaraça, esbarra, agride, é agredido.

Eis a felicidade possível: compreender que construir a vida é renunciar a pedaços da felicidade para não renunciar ao sonho da felicidade.

(Arthur da Távola)

domingo, 6 de março de 2011

OS MAIS LINDOS VERSOS

Quais são os mais lindos versos da Música Popular Brasileira???

Eu gosto de muitos, muitos, mas sempre que penso nas palavras preferidas, as primeiras das quais me lembro são:

                         "Tire o seu sorriso do caminho
                         que eu quero passar com minha dor"

Que tal vocês me enviarem os seus??? Estou esperando pelas respostas de vocês...

quinta-feira, 3 de março de 2011

O 8 DE MARÇO É DA MULHER




As mulheres do Século XVIII eram submetidas a um sistema desumano de trabalho, com jornadas de 12 horas diárias, espancamentos e ameaças sexuais

O Dia Internacional da Mulher, 8 de março, está intimamente ligado aos movimentos feministas que buscavam mais dignidade para as mulheres e sociedades mais justas e igualitárias. É a partir da Revolução Industrial, em 1789, que estas reivindicações tomam maior vulto com a exigência de melhores condições de trabalho, acesso à cultura e igualdade entre os sexos. As operárias desta época eram submetidas à um sistema desumano de trabalho, com jornadas de 12 horas diárias, espancamentos e ameaças sexuais.

Dentro deste contexto, 129 tecelãs da fábrica de tecidos Cotton, de Nova Iorque, decidiram paralisar seus trabalhos, reivindicando o direito à jornada de 10 horas. Era 8 de março de 1857, data da primeira greve norte-americana conduzida somente por mulheres. A polícia reprimiu violentamente a manifestação fazendo com que as operárias refugiassem-se dentro da fábrica. Os donos da empresa, junto com os policiais, trancaram-nas no local e atearam fogo, matando carbonizadas todas as tecelãs.

Em 1910, durante a II Conferência Internacional de Mulheres, realizada na Dinamarca, foi proposto que o dia 8 de março fosse declarado Dia Internacional da Mulher em homenagem às operárias de Nova Iorque. A partir de então esta data começou a ser comemorada no mundo inteiro como homenagem as mulheres.