quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O SINO DA MINHA ALDEIA



O sino da minha aldeia,
dolente na tarde calma,
cada tua badalada
soa dentro de minha alma.

E é tão lento o teu soar,
tão como triste da vida,
que já a primeira pancada
tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto,
quando passo, sempre errante,
és para mim como um sonho,
soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
vibrante no céu aberto,
sinto mais longe o passado,
sinto a saudade mais perto.

(Fernando Pessoa)




quinta-feira, 24 de novembro de 2011

N A T A L


 



Natal é festa da simplicidade. 

Das crianças, dos Anjos, dos velhos... é festa de todos os homens!

Tudo o que Jesus fez na terra, foi para nos dar o exemplo. Se nasceu numa mangedoura, foi para nos ensinar que a simplicidade faz parte do nosso caminho; se recebeu ouro, foi para que saibamos que existem tesouros valiosos que nos pertencem de direito: a amizade e o amor.

Se recebeu incenso e mirra foi para nos mostrar que a vida também tem seu perfume, mesmo quando estamos fechados a tudo ao nosso redor.

Se Deus nos permite festejar o aniversário de Cristo, isso também é por nós, não por Ele, pois é o período onde as pessoas se esquecem um pouquinho de si mesmas para pensarem nos outros.

Natal é festa do Amor! Do amor de Deus ao mundo, do amor dos homens para com o próximo.

E meu desejo é que nessa noite de paz uma estrela cadente esteja sobre o lar de cada um de vocês e que um coral de Anjos possa estar cantando "paz na terra aos homens de boa vontade," para que a paz invada cada ser e que reine por muito e muito tempo.

E só para lembrar: comer é bom, cantar é bom, dar e receber presentes é bom... mas Jesus é o único Caminho que conduz ao Pai a oração é a única coisa que nos aproxima e nos torna acessíveis a Deus.

Um Feliz Natal!

(Letícia Thompson)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

FOFOCAS


Quem faz intriga sobre a vida alheia quer ter algo de sua autoria, uma obra que se alastre e cresça, que se torne pública e que seja comentada. Algo que  lhe dê continuidade.

É por isso que fofocar é uma tentação. Porque nos dá, por poucos minu tos, a sensação de ser portador de uma informação valiosa que está sendo gentilmente dividida com os outros.  verdade, está-se exercitando uma pequena maldade, não prevista no Código Penal.

Fofocas podem provocar lesões emocionais. Por mais inocente ou absurda, sempre deixa um rastro de desconfiança.

Onde há fumaça há fogo, acreditam todos, o que transforma toda fofoca numa verdade em potencial.

Não há fofoca que compense.

Se for mesmo verdade, é uma bala perdida.

Se for mentira, é um tiro pelas costas.

(Martha Medeiros)

sábado, 19 de novembro de 2011

ALÉM DO HORIZONTE

 
Além do horizonte
Há povos sofridos,
Há muitos gemidos,
Há guerras que estouram.

Além do horizonte
Há fome e máquinas
Fazendo o serviço do homem.

Além do horizonte
Há doentes, carentes,
Há falta de pão
E bombas para destruir o irmão.

Além do horizonte
Há grandes cidades
E muita infelicidade.

Além do horizonte
Há pessoas que,
Como muitos,
Ainda sonham
Com o que deve existir
   Além do horizonte.

(Letícia Thompson)

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

QUANDO ENCONTRAR O AMOR




Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante de sua vida.
 Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
 Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante e os olhos se encherem d'água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
 Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente divino - o amor.
 Se um dia tiverem que pedir perdão um ao outro por algum motivo e em troca receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.
 Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida.
 Se você conseguir, em pensamento, sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado...
 Se você achar a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos emaranhados... é uma dádiva.
 Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro. Ou às vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.
 É o livre-arbítrio. Por isso, preste atenção aos sinais.
 Não deixe que as loucuras do dia a dia o deixem cego para a melhor coisa da vida:

O AMOR.

(Carlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

MEDITAÇÃO À BEIRA DE UM POEMA




Meditação à beira de um poema
Podei a roseira no momento certo
e viajei muitos dias,
aprendendo de vez
que se deve esperar biblicamente
pela hora das coisas.

Quando abri a janela, vi-a,
como nunca a vira
constelada,
os botões,
Alguns já com rosa- pálido
espiando entre as sépalas,
jóias vivas em pencas.Minha dor nas costas,
meu desaponto com os limites do tempo,
o grande esforço para que me entendam
pulverizam-se
diante do recorrente milagre.
maravilhosas faziam-se
as cíclicas perecíveis rosas.
Ninguém me demoverá
do que de repente soube
à margem dos edifícios da razão:
a misericórdia está intacta,
vagalhões de cobiça,
punhos fechados,
altissonantes iras,
nada impede ouro de corolas
e acreditai: perfumes.Só porque é setembro

(Adélia Prado)



quarta-feira, 9 de novembro de 2011

MIA COUTO

IDENTIDADE

Preciso ser um outro

para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem inseto
Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro


No mundo que combato morro
nomundo por que luto nasço.

(Mia Couto)

domingo, 6 de novembro de 2011

ROUPA NOVA



A época das festas está chegando e é hora de começar a enfeitar a casa, e, é claro, hora de vestir o RECANTO com as cores do Natal.

Que possamos vivenciar os dias ficando com a energia boa que vem de todos.

ENQUANTO OS VENTOS SOPRAM


Há alguns anos, um fazendeiro possuía terras ao longo do literal do Atlântico. Ele constantemente anunciava estar precisando de empregados. A maioria das pessoas estava pouco disposta a trabalhar em fazenda ao longo do Atlântico.

Procurando novos, empregados, ele recebeu muitas recusas. Finalmente, um homem baixo e magro, de meia idade, se aproximou do fazendeiro.

- Você é bom lavrador? Perguntou o fazendeiro.

- Eu posso dormir enquanto os ventos sopram, respondeu o pequeno homem.

Embora confuso com a resposta, o fazendeiro, desesperado por ajuda, o empregou. O pequeno homem trabalhou bem na fazenda, mantendo-se ocupado do alvorecer até o anoitecer e o fazendeiro ficava satisfeito com o trabalho do homem.

Então, uma noite, o vento uivou ruidosamente. O fazendeiro pulou da cama, agarrou o lampião e correu até o alojamento dos empregados. Sacudiu o pequeno homem e gritou:

- Levanta! Levanta! Uma tempestade está chegando! Amarre as coisas antes que sejam arrastadas!

O pequeno homem virou-se na cama e disse firmemente:

- Não, senhor. Eu lhe disse: eu posso dormir enquanto os ventos sopram...

Enfurecido com a resposta, o fazendeiro estava tentado a despedi-lo imediatamente. Em vez disso, se apressou a sair e preparar o terreno para a tempestade. Do empregado trataria depois.

Mas, para seu assombro, ele descobriu que todos os montes de feno estavam cobertos com lonas firmemente presas no chão. As vacas estavam protegidas no celeiro, os frangos nos viveiros, e todas as portas muito bem travadas. As janelas fechadas e seguras. Tudo foi amarrado. Nada seria arrastado.

O fazendeiro então entendeu o que seu empregado quis dizer. Então, retornou para sua cama para também dormir enquanto o vento soprava.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011


Quando todos parecem conspirar  contra você,
quando o mundo parede desabar a seu redor,
haverá ainda um lugar aonde ir.

Lá você pode sentir e chorar
e  falar da dor e esvaziar o peito
cheio de mágoa.
Lá é trégua de guerra
é  refúgio tranquilo
é  porto seguro.
Vem,
e ancora aqui
seu coração.
Assim eu quereria meu último poema:
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais.
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas.
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume.
A pureza da chuva que consome os diamantes mais límpidos.
                                  
Mário Quintana