terça-feira, 29 de setembro de 2009

Donizete Galvão, meu amigo poeta


Donizete Galvão nasceu em Borda da Mata, pequena cidade do Sul de Minas, em 24 de agosto de 1955.

Seu primeiro contato com a poesia foi a leitura do poema "Infância", de Carlos Drummond de Andrade no segundo ano primário. Mais tarde descobriu a poesia de Fernando Pessoa, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto. Admira, desde então, a poesia de Dante Milano e do mineiro Emílio Moura.

Entre suas preferências, além da presença magna de Carlos Drummond de Andrade, estão os poetas Kafávis, W.B. Yeats, Octavio Paz , Jorge Luis Borges e Elizabeth Bishop.

Na poesia brasileira contemporânea tem admiração pelo trabalho dos poetas Ivan Junqueira, Armando Freitas Filho, Hilda Hilst, Sebastião Uchoa Leite entre outros. Aponta também como exemplo da vitalidade da poesia brasileira as obras de Ruy Proença, Fábio Weintraub, Heitor Ferraz, Ronald Polito, Sérgio Alcides e Iacyr Anderson Freitas.

ORAÇÃO NATURAL

Fique atento
ao ritmo,
aos movimentos
do peixe no anzol.

Fique atento
às falas
das pessoas
que só dizem
o necessário.

Fique atento
aos sulcos
de sal
de sua face.

Fique atento
aos frutos tardios
que pendem
da memória.

Fique atento
às raízes
que se trançam
em seu coração.

Fique atento.
A atenção
é sua forma natural
de oração.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A difícil arte de dizer não aos filhos



Você costuma dizer "não" aos seus filhos?

Considera fácil negar alguma coisa a essas criaturinhas encantadoras e de rostos angelicais que pedem com tanta doçura?

Uma conhecida educadora do nosso País alerta que não é fácil dizer não aos filhos, principalmente quando temos os recursos para atendê-los.

Afinal, nos perguntamos, o que representa um carrinho a mais, um brinquedo novo se temos dinheiro necessário para comprar o que querem? Por que não satisfazê-los?

Se podemos sair de casa escondidos para evitar que chorem, por que provocar lágrimas?

Se lhe dá tanto prazer comer todos os bombons da caixa, por que fazê-lo pensar nos outros?

E, além do mais, é tão fácil e mais agradável sermos "bonzinhos"...

O problema é que ser pai é muito mais que apenas ser "bonzinho" com os filhos. Ser pai é ter uma função e responsabilidade sociais perante os filhos e perante a sociedade em que vivemos.

Portanto, quando decidimos negar um carrinho a um filho, mesmo podendo comprar, ou sofrendo por lhe dizer "não", porque ele já tem outros dez ou vinte, estamos ensinando-o que existe um limite para o ter. Estamos, indiretamente, valorizando o ser.

Mas quando atendemos a todos os pedidos, estamos dando lições de dominação, colaborando para que a criança aprenda, com nosso próprio exemplo, o que queremos que ela seja na vida: uma pessoa que não aceita limites e que não respeita o outro enquanto indivíduo.

Temos que convir que, para ter tudo na vida, quando adulto, ele fatalmente terá que ser extremamente competitivo e provavelmente com muita "flexibilidade" ética, para não dizer desonesto. Caso contrário, como conseguir tudo? Como aceitar qualquer derrota, qualquer "não" se nunca lhe fizeram crer que isso é possível e até normal?

Não se defende a idéia de que se crie um ser acomodado sem ambições e derrotista. De forma alguma. É o equilíbrio que precisa existir: o reconhecimento realista de que, na vida às vezes se ganha, e, em outras, se perde.

Para fazer com que um indivíduo seja um lutador, um ganhador, é preciso que desde logo ele aprenda a lutar pelo que deseja sim, mas com suas próprias armas e recursos, e não fazendo-o acreditar que alguém lhe dará tudo, sempre, e de "mão beijada"

Satisfazer as necessidades dos filhos é uma obrigação dos pais, mas é preciso distinguir claramente o que são necessidades do que é apenas consumismo caprichoso.

Estabelecer limites para os filhos, é necessário e saudável.

Nunca se ouviu falar que crianças tenham adoecido porque lhes foi negado um brinquedo novo ou outra coisa qualquer. Mas já se teve notícias de pequenos delinqüentes que se tornaram agressivos quando ouviram o primeiro não, fora de casa.

Por essa razão, se você ama seu filho, vale a pena pensar na importância de aprender a difícil arte de dizer não. Vale a pena pensar na importância de educar e preparar os filhos para enfrentar tempos difíceis, mesmo que eles nunca cheguem.

***
O esforço pela educação não pode ser desconsiderado. Todos temos responsabilidades no contexto da vida, nas realizações humanas, nas atividades sociais, membros que somos da família universal.

(Do livro "Repositório de Sabedoria" vol I, Educação)





segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Gaúcho eu sou

Poesia de um gaúcho com meu carinho aos meus filhos gaúchos...



Gaúcho eu sou,
não importa pra onde vou.
Levo sempre comigo
as belezas do meu chão,
e quem quiser, venha ver como é que é
o Rio Grande te espera,
venha tomar um chimarrão.

É um pedacinho do sul do meu país,
e aqui quem vive, com certeza é feliz.
E nesta terra a gente planta,
a gente ama, a gente canta
e encanta quem vem aqui.

Se, por acaso, um dia eu me bandear,
mil recordações
do meu Rio Grande irei levar;
pois um Gaúcho tem sua estampa,
jamais esquece de sua pampa,
lugar onde sempre viveu.

Marcelo Dametto

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Porque hoje é sexta-feira


… o dia amanhece com uma cor diferente, não importa de que cor ele seja.
… a gente amanhece diferente, não importa como a gente esteja.
… o trabalho fica menos chato
… a gente fica menos chata
… e a vida, que nunca foi chata, volta a ser vista como merece.
… até os homens ficam mais fáceis, porque hoje é sexta
… e nós mais tolerantes, menos implacáveis com eles.
… a barriga insiste em aparecer no espelho
… a franja continua rebelde
… e a celulite não responde ao creme
… mas a gente finge que não vê.
… aquele homem lindo nos olha.
… aquela roupa linda abotoa
… e o sapato que sempre apertou hoje não aperta.
… o chefe nos dá bom-dia
… a colega mal-humorada ensaia um sorriso
… e o self-service capricha na sobremesa.
… aquela música toca no rádio
… aquele filme chega à locadora
… ele diz que nos ama
… e a gente acredita nele.
… até aquele que sumiu
… ou aquele que nunca nos viu
… de repente aparece.
… nada como um dia após o outro
… ou um outro após o dia.
… tudo chega no lugar
… tudo em seu devido tempo
… e o tempo é hoje
… porque hoje, é sexta-feira.

Leila Ferreira

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A FITA MÉTRICA DO AMOR


Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento. Ela é enorme pra você quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado. É pequena pra você quando só pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade.

Uma pessoa é gigante pra você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto. É pequena quando desvia do assunto.

Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma. Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês.

Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas: será ela que mudou ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições? Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.

É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações. Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes.

Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho.

(Martha Medeiros)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

SEM PALAVRAS

A vida inteira busquei
explicações e deciframentos:
encontrei silêncio e segredo,
às vezes o conforto de um ombro,
outras vezes
dor.

No último lapso
de um tempo sem limites
-embora a gente o queira compor
em fragmentos-,
abriram-se as águas
e entrei onde sempre estivera.
Tudo compreendido
e absolvido,
absorta eu me tornei
luz sem sombra:
assombro.


Lya Luft
nasceu no dia 15 de setembro de 1938, em Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

COMO PASSA...


Nossa, como o tempo passa rápido... Hoje já é uma nova sexta-feira com um longo final de semana pela frente. É bom pra dar uma relaxada, ver os amigos, os parentes - farei isso num lindo casamento.

Adoro ir a casamentos! É sempre emocionante ver uma nova família se formando, com sonhos, desejos e a felicidade brilhando nos olhos.

E, falando em amor, segue uma poesia de Drummond.

Bom final de semana!!!

AS SEM-RAZÕES DO AMOR

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabe sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque te amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.