terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

UMA SEMANA... SEM INTERNET

Tive um problema de acesso à internet e, durante uma semana fiquei, me senti meio isolada... Não pensei que isso aconteceria comigo, afinal de contas, o que é uma semana sem internet???

Mas, aconteceu...

Pensava naquela amiga que disse estar doente, naquele amigo que foi passar o carnaval em Salvador, naquela outra que estava com a mãe doente, nas últimas... O quê estaria acontecendo com eles???

Nesses momentos, quando isso aconteceu é que pude sentir que esses tais amigos chamados virtuais não são tão virtuais assim... fazem parte do meu dia a dia, de minha vida...

Hoje, ufa!!! Tentei conectar e... beleza!!! Estava conectada!!! Fui logo ver as mensagens, saber das novidades, saber como estavam todos...

Felizmente todos bem... Minha amiga que estava doente está ótima, o amigo está curtindo muito o carnaval de Salvador e a mãe da outra amiga já está restabelecida.

Fiquei matutando: será que também sentiram minha falta??? Fui procurar e... encontrei algumas mensagens querendo saber o quê tinha acontecido comigo, afinal de contas, sumi por uma semana!!!

Me senti bem... Agora vou preparar o almoço da famíla que, felizmente, não é virtual e precisa se alimentar...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

POR TRÁS DE UM GRANDE HOMEM...

...só poderia ter alguém como Michelle Obama! A nova primeira-dama dos EUA tem dado um banho de estilo em suas opções de vida e nas declarações públicas. Avessa a dogmas, consumismos e marcas, três fatores que determinam a escala de poder em qualquer lugar do mundo, Michelle vem provando que é muito mais do que apenas a eminência parda do marido presidente.

Formou-se em advogada, em Harvard onde Obama também se formou e tem a mesma facilidade de oratória do marido. Durante a campanha, ela foi uma peça fundamental quando subia no palanque e compartilhava suas preocupações com os eleitores, explicando como pretendia ajudar Obama nas questões sociais. Deixou de exercer a profissão para se engajar na campanha do marido, mas nem por isso descuidou da educação das filhas, Sasha e Malia. O casal coloca a união familiar como alicerce de seu sucesso.

A propósito, a pragmática Michelle surpreendeu uma das mais experientes apresentadoras da TV Americana, Barbara Walters, quando contou que determinou que as meninas continuem arrumando suas camas ao acordarem, como faziam anteriormente. Recomendou às arrumadeiras da Casa Branca que deixem essa tarefa para as meninas. E explicou a elas: “vocês não vão morar a vida toda na residência oficial do governo”.

Simples, sincera e verdadeira, Michelle aborda a questão do preconceito racial com a maior naturalidade. Disse que já sentiu o problema na pele nos tempos de faculdade, quando foi discriminada pela mãe de sua companheira de dormitório que mudou a filha de quarto ao saber que ela o estava dividindo com uma negra. Realista, Michelle contou à entrevistadora que, apesar de magoada, entendeu a situação, mas, a partir daí, entregou-se de corpo e alma aos movimentos contra qualquer tipo de discriminação.

Outra decisão de Michelle que demonstra o seu modo de ser foi a escolha do estilista que desenharia os vestidos para a cerimônia de posse e para os bailes de gala. As colunas sociais especulavam e arriscavam nomes famosos da moda internacional. Qualquer um deles daria a vida para vestir a primeira-dama dos EUA numa ocasião como essa.

Todo mundo quebrou a cara. Michelle escolheu um jovem imigrante de origem chinesa, estabelecido em Chicago, onde ela sempre comprou seus vestidos. Ela não o abandonou e fez questão de prestigiá-lo usando modelos exclusivos desenhados por ele. É ou não é uma pessoa de personalidade?

Outra decisão inédita. Michelle anunciou que vai criar um trabalho social onde vai pessoalmente dar apoio às famílias dos militares que morreram no Iraque e no Afeganistão e também dos que continuam lutando nos campos de batalha. Ela afirmou que “quando os soldados vão para a guerra, levam suas famílias junto. Se morrem, um pedaço delas vai também”.

Nesse momento de crise quando o mundo inteiro está mudando hábitos de consumo, gastando menos, reaproveitando mais vestimentas, utensílios e até mesmo a própria comida, melhor primeira-dama que esta impossível.

Segundo a tradição, as mulheres de presidentes devem acompanhar seus maridos. Mas não basta comparecer a eventos oficiais e posar para fotos, como a maioria. No caso de Obama, um homem que virou um ícone mundial por tudo que os países e as pessoas esperam dele e pelo que ele representa em termos de carisma e ideais de liberdade, Michelle não poderia ser diferente!
Texto escrito por Leila Cordeiro

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Pedro, o homem da flor

Muitas pessoas que moram ou moraram no Rio de Janeiro devem se lembrar de Pedro, o homem da flor... Era um homem que, com um simple gesto alegrava as pessoas...
A seguir um texto de Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta falando um pouco da vida desse homem tão conhecido dos boêmios cariocas...

"Se você se enquadra entre aqueles que se dizem boêmios ou, pelo menos, entre aqueles que costumam ir, de vez em quando, a um desses muitos barzinhos elegantes de Copacabana, é provável que já tenha visto alguma vez Pedro - o homem da flor. Se, ao contrário, você é de dormir cedo, então não. Então você nunca viu Pedro - o homem da flor - porque jamais ele circulou de dia não ser lá, na sua favela do Esqueleto.

Quando anoitece, Pedro pega a sua clássica cestinha, enche de flores, cujas hastes teve o cuidado de enrolar em papel prateado, e sai do barraco rumo à Copacabana, onde fica até alta madrugada, entrando nos bares - em todos os bares, porque Pedro conhece todos - vendendo rosas. Quando a cesta fica vazia, Pedro conta a féria e vai comer qualquer coisa no botequim mais próximo. Depois volta para casa como qualquer funcionário público que tivesse cumprido zelosamente sua tarefa, na repartição a que serve.

Conversei uma vez com Pedro - o homem da flor. Já o vinha observando quando era o caso de estar num bar em que ele entrava. Vira-o chegar e dirigir-se às mesas em que havia um casal. Pedia licença e estendia a cesta sobre a mesa. Psicologia aplicada, dirão vocês, pois qual homem que se nega a oferecer flor à moça que o acompanha, quando se lhe apresenta a oportunidade? Sim, talvez Pedro seja um bom psicólogo mas, mais que isso, é um romântico. Quando o homem mete a mão no bolso e pergunta quanto custa a flor, depois de ofertá-la à companheira, Pedro responde com um sorriso:
- Dá o que o senhor quiser, moço. Flor não tem preço.

Como eu ia dizendo, conversei uma vez com Pedro e, desse dia em diante, temos conversado muitas vezes. Ele sabe de coisas. Sabe, por exemplo, Que a rosa branca encanta as mulheres morenas, enquanto as louras, invariavelmente, preferem rosas vermelhas. Fiel às suas observações, é incapaz de oferecer rosas brancas às mulheres louras, ou vice versa. Se entra num bar e as flores de sua cesta são todas de uma só cor, não coincidindo com o gosto comum às mulheres presentes, nem chega a oferecer sua mercadoria. Vira as costas e sai em demanda de outro bar, onde estejam mulheres louras, ou morenas, se for o caso.

O pequeno buquê de violetas - quando as há - é carinhosamente arrumado pelas suas mãos grossas de operário, assim como também as hastes prateadas das rosas. Saibam todos os que fizeram os fregueses de Pedro - o homem da for - que aquele papel prateado artisticamente preso na haste das rosas e que tanto encantava as moças foi antes um comum papel de maços de cigarros vazios, que o próprio Pedro recolheu por aí, nas suas andanças pela madrugada.
Sei que Pedro ama sua profissão, tira dela o seu sustento, mas acima de tudo esforça-se por dignificá-la. Não vê que seria um mero mercador de flores! Lembro-me da vez em que, entrando pelo escuro do bar, trouxe nas mãos a última rosa branca para a moça morena que bebia calada entre dois homens. Quando as três levantaram a cabeça ante a sua presença, pudemos notar - eu, ele e as demais pessoas presentes - que a moça era linda, de uma beleza comovente, suave, mas impressionante. Pedro estendeu-lhe a rosa sem dizer uma palavra e, quando um dos rapazes quis pagar-lhe, respondeu que absolutamente era nada. Dava-se por muito feliz por Ter tido a oportunidade de oferecer aquela flor à moça que lá estava. E sem ousar olhar novamente pra ela, e disse:

- Mais flores eu daria se mais flores eu tivesse!

Assim é Pedro - o homem da flor. Discreto, sorridente e amável, mesmo na sua pobreza. Vende flores quase sempre e oferece flores quando se emociona. Foi o que aconteceu na noite em que, mal chegado à Copacabana, viu o povo que rodeava o corpo do homem morto, vítima de um mal súbito. Só depois que soube que Pedro o conhecia do tempo em que era porteiro de um bar no Lido. Na hora não. Na hora ninguém compreendeu, embora todos se comovessem com seu gesto, ali abaixado a colocar todas as suas flores sobre as mãos do homem morto. Pois foi o que Pedro fez, voltando em seguida para a sua favela do Esqueleto.

Naquela noite, não trabalhou."