quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O CÂNTICO DA TERRA - Cora Coralina


Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranqüila ao teu esforço.

Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.

Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.

E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranqüilo dormirás.

Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Mima, sou a Hilda, acabamos de conversar pelo messenger.
Linda, a poesia da Cora Coralina,
"O Cântico da Terra".
Seu blog está demais, atual, de fácil entendimento, simples.
Parabéns.
Beijos

r. pSco disse...

Que gracinha, Dna. Cora... e também tão sábia, ao ler parece que ouço sua voz, apesar de não ter tido oportunidade de conhece-la pessoalmente... Bjs.