quarta-feira, 19 de maio de 2010

ALBERTO CENTURIÃO, meu amigo poeta

Alberto é meu amigo poeta. Conheço-o há muito tempo (nesta vida) e há muito mais tempo (em outras tantas vidas)...

Alberto é também ator, diretor de teatro, palestrante, mas, o melhor de tudo... é meu amigo...

Como gosto do ele escreve, e para que o conheçam, aí vai uma de suas poesias que mais gosto.

O artista e seu retrato quando velho


tem vezes que a gente faz coisas que não se faz
e sabe que não devia
mas faz e depois se arrepende
e sente vergonha
medo repulsa dó desalento
mas já fez e está feito
e bate uma baita tristeza
e o coração se oprime
e um peso aperta o peito de um jeito
que o osso do peito sente a pressão
mas já não tem jeito
o que está feito está feito
então o jeito é juntar os cacos
com soldar o que sobrou
tratar de refazer o próprio ego
ferido despedaçado
o dia desperdiçado
e já que não tem conserto
o que foi feito foi feito
consertar a auto-imagem
juntando toda a coragem
para encarar no espelho do fato
o próprio auto-retrato
e decidir fazer com novos atos
novos fatos
para um novo auto-retrato
mais ao gosto do artista
que faz do gesto pincel
e na tela da vida usa o matiz da palavra
para o estudo frustrado recobrir com novas telas
mais do seu jeito mais belas
que o artista sem retoques não seria irretocável
e à custa de repintar-se o artista se reconstrói
recriando os próprios atos
até recriado inteiro tornar-se iguaria fina
o artista quando velho é a própria obra-prima

Alberto Centurião
Quando em Joinville, em 28/11/2007

(No www.slideshare.net/mimabadan - tem uma formatação com esse poema)

Um comentário:

Maria Souza disse...

Oi Amiga!

Gostei do seu blogue.
Parabéns
Bjos
Maria Souza