terça-feira, 5 de outubro de 2010

A BUSCA

Com a ação destruidora do tempo, minha janela cresceu.

E contemplei então, um ramo com muitas folhas.

E uma vasta expansão do céu, com muitas nuvens.

Esqueci a folha verde solitária e aquele pequeno espaço da imensidão azul.

Jurava que não existia a árvore, nem o céu imenso.

Para mim, era aquela a verdade.

Cansado da prisão, da estreita cela, revoltei-me contra minha janela.

Com os dedos a sangrar, arranquei tijolo após tijolo.

E contemplei então, a árvore inteira, seu tronco majestoso,

Seus ramos numerosos, suas miríades de folhas, e uma imensa parte do céu.

Jurava que não existia outra árvore, nem outra parte do céu.

Era aquela a verdade.

Aquela prisão já não me retém.

Saí a voar através da janela.

Ó amigo, agora contemplo todas as árvores e a vastidão do infinito.

E embora eu viva em cada folha e em cada nesga do vasto céu azul,

Embora eu viva em cada prisão a espreitar por estreitas frestas, sou livre.

Não! Nada mais me prenderá- esta é a verdade.

(Krishnamurti)

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