terça-feira, 5 de janeiro de 2010

ESPERANÇA

Lá bem no alto do décimo segundo andar do ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se

E
- ó delicioso vôo!

Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...

E em torno dela indagará o povo:
- Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?

E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)

Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
- O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...



MÁRIO QUINTANA -  extraído do livro "Nova Antologia Poética", Editora Globo - São Paulo, 1998, pág. 118.

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