domingo, 31 de julho de 2011

A POESIA DE HILDA HILST

O poeta inventa viagem, retorno e sofre de saudade


Meu medo, meu terror, é se disseres:
Teu verso é raro, mas inoportuno.
Como se um punhado de cerejas
A ti te fosse dado
Logo depois de haveres engolido
Um punhado maior de framboesas.
E dirias que sim, que tu me lembras.
Mas que a lembrança das coisas, das amigas
É cotidiana em ti. Que não te enganas,
Que o amor do poeta é coisa vã.
Continuarias: há o trabalho, a casa
E fidalguias
Que serão para sempre preservadas.
Se és poeta, entendes. Casa é ilha.
E o teu amor é sempre travessia.
Meu medo, meu terror, será maior
Se eu a mim mesma me disser:
Preparo-me em silêncio. Em desamor.
E hoje mesmo começo a envelhecer.


HILDA HILST - Nasceu em Jaú  SP em 21 de abril de 1930 e faleceu em 04 de fevereiro de 2004.

Um comentário:

Anônimo disse...

bom dia querida.
amei o seu blog. parabens pelas postagens , sao mensagens lindas e com um fundo de aprendizado e sabedoria.Deus abençoe o seu dia. amem
Joelina