quando as nuvens rolarem
sobre as nuvens
e o vento se deslocar sobre o vento,
o sonho tombará o sonho, reverdecendo.
Quando o vento se deslocar
sobre o vento
na terra forte,
os homens serão setas no tempo.
O tempo destila o tempo.
Os ventos serão asas,
os homens serão ventos,
as noites serão as noites
dentro das noites,
as casas
dentro dos homens,
o tempo.
A morte sempre vivida
é vida multiplicada.
Nada,
nem a lentidão do drama,
o curto espaço
em que habitava,
o fio da espada, nem os trópicos,
nada embaciava
aquela onda :
o Cavaleiro e sua jornada.
As pedras se transformam
em astros longe ventando,
os pássaros retomam
os horizontes de vento.
As noites passam
dentro das noites
e os ventos dentro
dos ventos.
A morte sempre vivida
é vida multiplicada. O vento é o vento ,
a vida é noite
cheia de ventos,
porém ao vento
como encontrá-lo ?
Na sombra branca ,
na sombra branca,
na sombra branca de seu cavalo.
O vento é o vento;
as crinas não rompem
o silêncio
e ao seu galope
retumba a água,
prossegue sempre,
até que o tempo
desmonte a morte,
no seu galope,
desmonte o tempo.
Prossegue sempre.
Quando os ventos forem caminhos
e os ventos-ventos forem sementes,
quando os cavalos forem moinhos
e a noite negra for transparente. Quando os ventos forem caminhos,
quando os barcos forem poente,
quando os cavalos forem moinhos,
moendo a noite tranquilamente.
Quando os ventos forem caminhos,
a vida cheia de ventos
na vida feita semente,
moendo o jugo com seus dentes. Quando os ventos forem caminhos,
seremos ventos e ninhos,
sombras esguias, ventos-moinhos,
moendo a noite nos seus caminhos.
(Carlos Nejar)
Um comentário:
Olá
Gostei imenso do seu blogue. Está lindo.
Parabéns
Um abraço
Maria Souza
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